Uma ideia ousada. Desmembrar, em termos de mercado de carne, o Rio Grande do Sul do Brasil e juntá-lo ao Uruguai e à Argentina. Um potencial de produção de carne de raças europeias que entraria com força nos consumidores mais exigentes.
? Se as três regiões se juntam eles tem quase o potencial de exportação que o Brasil tem como um todo. E tudo baseado em uma lógica mercadológica de semelhança entre produtos e processos e mercados e distâncias dos grandes mercados ? ressalta o consultor da Sociedade Rural Brasileira, Francisco Vila.
São 20 milhões de abates por ano, um volume que pode atender vários mercados com carne de qualidade. Mas para conseguir essa união é preciso criar entre pecuaristas e empresários do setor de carnes uma noção de identidade comum.
? Eles tem o mesmo tipo de clima, de pasto, tem uma topografia semelhante, tem todos os taurinos e tem uma cultura tradicional europeia. Então isso cria uma intimidade entre eles. A pergunta é porque eles levam com três caminhões, três carnes para três mercados diferentes? Porque não fazem junto? Naturalmente isso é mais fácil de falar do que fazer ? afirma Vila.
Para conseguir esse objetivo é preciso, segundo o consultor, mostrar a oportunidade. O público presente no evento aprovou a ideia. O vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, alerta apenas para questões sanitárias que precisam ser superadas.
? Efetivamente o Rio Grande do Sul é mais lincado ao Uruguai e Argentina. Agora, evidentemente, nós temos as barreiras de fronteiras e algumas diferenças sanitárias que nos impedem de funcionar como um bloco. A sanidade animal é uma coisa fundamental. Se nós quisermos chegar a algum lugar do mundo, nós temos que ter sanidade nota 10. E isso acontece com qualquer país ? afirma.
O dirigente garante ainda que com a queda no rebanho argentino, em 12 milhões de cabeças nos últimos anos, a carne do Rio Grande do Sul está ganhando espaço mesmo no mercado nacional.
? Este produto é diferenciado e hoje nós vemos a diferenciação do preço desta carne, que chega a ser maior até do que a carne da lista tracys, que vai pra Europa, que o nosso mercado interno. Acreditamos que estamos substituindo a Argentina no mercado de São Paulo e que a carne de qualidade para as boas churrascarias de São Paulo está saindo do Rio Grande do Sul, porque ela não consegue vir da Argentina ? conclui Gedeão.
Em alguns períodos de julho, por exemplo, a carne vendida para a Europa custou R$ 6,38 por quilo de carcaça. Já a carne do programa angus, vendida para o mercado de São Paulo, pagou ao produtor R$ 6,76.