Especialista diz que baixa oferta torna ineficaz tentativa de frigoríficos de baixar preço do boi

José Vicente Ferraz, da AgraFNP, acredita que valor da arroba deve voltar a cair entre 2010 e 2011As tentativas dos frigoríficos de influenciar o mercado para baixar os preços da arroba do boi gordo têm efeitos pontuais e não se sustentam. Foi o que afirmou o consultor da AgraFNP José Vidente Ferraz, em entrevista ao Agribusiness Online, nesta quarta-feira, dia 16. Segundo ele, não há o que fazer para reverter a tendência de alta no produto, porque a oferta de gado está escassa.

Ferraz ressaltou que existe um movimento de retenção de matrizes para recompor o rebanho e readequar a oferta às condições do mercado. O efeito, no curto prazo, é reduzir ainda mais a oferta e reforçar a pressão sobre os preços.

? É inevitável que a partir do final de 2010 e começo de 2011, se não houver um atraso na retenção de matrizes por causa do problema da alta dos custos, comece a ter o recuo de novo dos preços.

A preocupação de José Vicente Ferraz com os custos encontra justificativa em um levantamento do Centro de estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Segundo a entidade, houve uma alta de 63,19% nos primeiros três meses deste ano, que não foi acompanhada pela valorização da arroba do boi no mercado (27,22%).

Segundo o consultor da Agra FNP, a alta nos custos é puxada, principalmente, pelos valores dos sais minerais, usados na alimentação animal, combustíveis e mão-de-obra. José Vicente Ferraz lembrou que o encarecimento da produção influi na rentabilidade do negócio.

? E isso está diretamente ligado na questão dos investimentos em tecnologia que devem ser feitos e com concorrência da pecuária com outras atividades. Quando há reflorestamento e agricultura de grãos com rentabilidade muito superior, a tendência é perder áreas para essas atividades.

Integração

José Vicente Ferraz disse ainda que considera positiva a integração entre a pecuária e culturas agrícolas. Acrescentou que essa conciliação deve ser cada vez mais uma tendência.

O consultor da AgraFNP alertou, porém, para um risco: o modelo pode se desestabilizar caso haja grande diferença de rentabilidade entre as duas atividades. Isso porque o produtor pode privilegiar a atividade que, no momento, é mais rentável, prejudicando a integração entre as culturas.

? Às vezes o sistema se desequilibra, mas o modelo é muito positivo.