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Especialistas alertam para produtos que prometem acabar com o greening

De acordo com o Ministério da Agricultura, não há cura para a doença que atinge os pomaresO greening chegou há pelo menos sete anos ao Brasil e virou a principal dor de cabeça dos citricultores. Uma vez contaminada pela bactéria, a árvore fica seca, as folhas amareladas e o fruto pequeno. De acordo com o Ministério da Agricultura, não há cura e a única maneira de evitar a contaminação, transmitida pelo inseto chamado psilídeo, é a erradicação das árvores. É dever do produtor comunicar as autoridades para que a planta seja erradicada toda vez que aparecer os sintomas da doença.

Entretanto, nem todos seguem a recomendação. Na internet, é possível encontrar a oferta de um produto que promete tratamento para a doença. Na empresa fabricante, o dono garante que fornece o produto apenas para prevenção, não contrariando assim a determinação do Ministério que proíbe a aplicação em árvores já contaminadas.

? Nossa orientação é erradicar as plantas doentes e fazer o trabalho preventivo. Após erradicar as plantas, colocar inseticida no pomar, ele entra com o novo tratamento para que as plantas não fiquem doentes. Esse é o nosso objetivo ? diz Vaner Silva, proprietário da empresa.

Mesmo assim, Silva admite: alguns clientes utilizam a solução para combater o greening.

? Infelizmente, os produtores não gostam de assumir que estão usando este produto, até porque alguns deles usam em plantas contaminadas. Como eles não quiseram arrancar mais, não divulgam esse tipo de tratamento ? afirma Silva.
 
Em um pomar de um agricultor que não quis se identificar que utilizou o produto nos 3,5 mil pés de limão espalhados em nove hectares, por exemplo, as árvores que antes estavam contaminadas estão cheias de frutos.

? Ele é um curativo, mas fica difícil provar isto porque na agricultura e no laboratório você não consegue provar que a bactéria morreu. Ela não sobrevive no laboratório, só na planta. O que a gente tem? Plantas que eram contaminadas dando resultado negativo ? explica Vaner Silva, proprietário da empresa.
 
O pesquisador José Antônio Quaggio, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) não poupa críticas ao produto. Segundo ele, a cura para o greening não existe e o produtor está sendo iludido.
 
? São produtos que estão prometendo muito mais do que fazem. Na hora em que você aplica este produto, cria uma falsa impressão de que você curou estas plantas. Isso porque ele tem uma quantidade muito grande de nutrientes. Dizem ainda que tem substâncias excitoras, que protegem as plantas sadias, o que não é verdadeiro. É uma ilusão. E o pior é que isto aí vai levar ao fim do citricultor. Ele vai mudar de ramo ? argumenta o pesquisador.
 
José Antônio afirma que sai mais barato erradicar as árvores do que arcar com os prejuízos mais a frente.

? Fica muito claro que não existe cura para doença. E estas substâncias que estão sendo comercializadas como fertilizantes, prometendo que protegem as plantas, na verdade estão levando o produtor a um sério engano. Além de ser ilegal, é mais caro que o manejo tradicional, que corresponde à inspeção de plantas, erradicação  e tratamento forte do inseto vetor ? conclui José Antônio.

A Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo informou que a normativa 53 do Ministério da Agricultura obriga o produtor a erradicar a planta com greening. A fiscalização é feita pelo Estado. Se constatado que o produtor não cumpriu a lei, ele é autuado. A multa pode chegar a R$ 200.

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