Mesmo antes de virar projeto de lei, a rastrabilidade já era motivo de polêmica no setor da pecuária bovina. No fim de outubro foi aprovado no senado um novo modelo para o Sisbov, que torna obrigatória a identificação da origem dos animais para todos os pecuaristas. Nesta terça, em São Paulo, especialistas e representantes de produtores e frigoríficos analisaram esta nova lei. E a conclusão é de que o sistema ainda tem falhas.
O sistema de rastreabilidade usado hoje no Brasil, o Sisbov, foi adotado para garantir a qualidade da carne em relação à sanidade. Só que agora, é preciso dar outras garantias: que o produto não vem de área de desmatamento e nem de onde tenha trabalho escravo. Por isso, o desafio do sistema que vai ser implementado é ainda maior.
Os frigoríficos sabem disso. Eles assinaram um compromisso em não comprar animais criados em áreas de desmatamento. As empresas garantem que já estão investindo para implementar o sistema, mas admitem que a tarefa não é fácil. O gerente de sustentabilidade do grupo JBS Bertin, Daniel Furquim, afirma que a dificuldade está em rastrear o fornecedor de bezerros. Em Mato Grosso e no Pará, por exemplo, 80% deles são pequenos produtores.
Para os pecuaristas, o grande problema está no custo do rastreamento. Esta é a opinião do diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Estado que tem o maior rebanho do Brasil, Vicente Falcão.
Outro tema polêmico do encontro foi uma proposta apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente. A idéia é impedir que áreas embargadas pela Lei Ambiental sejam autorizadas a vender os animais. Assim, a emissão da Guia de Trânsito Animal ficaria automaticamente suspensa.