O coordenador da pesquisa e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Nelson Jorge Moraes de Matos, explicou que itens como melhoramento genético, melhoria no manejo sanitário e na alimentação formam o tripé para uma produtividade com sustentabilidade.
? O produtor não precisa de paternalismo, mas precisa de apoio do poder público, principalmente na área de assistência técnica. É necessário, por exemplo, investimento nas universidades, em pesquisas exclusivas para o Estado do Rio de Janeiro, com suas particularidades que precisam ser identificadas e contornadas quando forem negativas ? disse Nelson.
O professor explicou que uma das maiores deficiências do setor é o fato da maioria dos produtores no Estado não terem escrituras zootécnicas. O documento contém o registro de todos os eventos que ocorrem no rebanho, sistematicamente, como a anotação dos nascimentos dos animais, até seu desempenho produtivo e reprodutivo.
? Ou seja, o produtor não tem conhecimento do que acontece dentro de sua propriedade e, consequentemente, não tem como estabelecer metas ? observou ele.
Outro problema no Estado, apontado pelo estudo, é a má distribuição de matadouros, o que contribui para a ocorrência de um grande número de abates clandestinos.
A pesquisa mostra o perfil do produtor, aspectos da produção, o tamanho do rebanho e sugere ações para que o Rio, que é o segundo maior mercado consumidor do país e o maior importador, adote ações para as melhorias da pecuária de corte.
O estudo sugere a ampliação da pecuária de corte intensiva (gado criado preso ou em pequenos espaços, alimentado com ração específica), hoje utilizada por apenas 1% do setor fluminense. Cerca de 90% do rebanho são criados de forma extensiva e o restante é criado em sistema de confinamento semi-intensivo, que combina pasto com complementação alimentar.
Segundo o estudo, a pecuária de corte intensiva possibilitaria incrementar a produtividade, com propriedades menores.
? Para isso, é fundamental que haja investimentos em tecnologia ? insistiu o coordenador da pesquisa.
De acordo com o presidente da Alerj, Paulo Melo, o diagnóstico é um raio-X da pecuária fluminense e vai contribuir para a criação de políticas públicas eficazes para fomentar o setor. Os dados foram coletados diretamente com os produtores nas regiões Metropolitana, Noroeste, Norte, Serrana, Baixada Litorânea, Médio Paraíba, Centro-Sul fluminense e Costa Verde.