Um grupo coordenado por pesquisadores do Laboratório de Genômica Funcional de Bovinos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) comparou o genoma de cinco animais, sendo três da raça angus, um da raça holandesa e um nelore. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Genome Research e, segundo os pesquisadores, podem contribuir para o melhoramento genético das raças de bovinos taurinos e zebuínos.
Os pesquisadores identificaram por meio do estudo 1,265 mil variações no número de cópias de genes (CNV, na sigla em inglês de copy number variations) – perdas e ganhos de sequências completas de DNA entre indivíduos da mesma espécie, que em humanos, por exemplo, podem explicar a razão da ocorrência de doenças genéticas, como o autismo e a esquizofrenia.
Utilizando novas tecnologias de sequenciamento de genoma, os pesquisadores observaram alterações no número de cópias de genes dos animais, sendo muitas delas inéditas, relacionadas a fatores como adaptação e metabolismo.
— O que vimos e já esperávamos é que vários genes relacionados à adaptabilidade animal estão duplicados ou em maior quantidade no animal da raça nelore, da subespécie zebuína, que vive em condições mais rústicas e suporta altas temperaturas — disse José Fernando Garcia, pesquisador da Unesp, campus de Araçatuba.
Garcia participou do sequenciamento do genoma taurino e lidera o grupo de cientistas que se dedica à conclusão do sequenciamento do genoma do zebuíno. O cientista coordena um projeto de pesquisa apoiado pela Fapesp.
— Os genes relacionados ao transporte e metabolismo de lipídios, que proporcionam uma carne com mais gordura, por exemplo, estão em maior número de cópias nos animais taurinos, que são selecionados para clima temperado, como o europeu e o norte-americano — disse.
De acordo com Garcia, as descobertas do estudo possibilitarão explicar melhor as diferenças entre os animais e criar as bases para realizar um melhoramento genético de bovinos mais apurado e com maior precisão do que se faz hoje.