Porém, duas teses recém defendidas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), demonstraram que os animais mais eficientes conforme o índice possuem menos gordura entremeada na carne. Segundo a pesquisadora da Esalq, Michele Lopes do Nascimento, isto indica que a seleção genética dos animais por este índice de eficiência pode ter impactos negativos sobre a qualidade da carne.
– Então quando selecionar esses animais eficientes e eles deixam de ter essa característica que é muito bem aceita no mercado, isso é um ponto negativo da seleção. Então basicamente esse é um dos resultados mais recentes que a gente tem e que faz a gente pensar se realmente se deve utilizar esse índice ou não – afirma.
Os resultados das duas teses sugerem que 30% da variação observada para este índice de eficiência são explicados pela produção de carne mais magra. Melhorar a eficiência do rebanho é muito importante para reduzir o custo de produção e impacto ambiental da atividade, mas se houver prejuízo na qualidade e aceitação da carne pelos consumidores isto se torna muito perigoso. A pesquisadora da Esalq afirma que hoje a pecuária tem que ser uma atividade empresarial e a eficiência alimentar é uma vertente desse contexto.
– Na hora em que se tenta manter a eficiência como um todo, com controle, com pesagens dos animais, você precisa saber quanto seus animais estão ganhando, quanto eles consomem, quanto eles te custam, se aquela matriz que está no seu rebanho está dando lucro, ela está sendo eficiente, se tem controle dela. Então acho que a eficiência no sentido global é a palavra que deve ficar na cabeceira de todo o produtor – salienta.
Outra conclusão importante destas duas teses é que seria possível desenvolver duas linhagens genéticas distintas. Uma para produção de carne de qualidade e outra para produção de carne de forma mais eficiente, que seria mais magra.