• Especialistas afirmam que suspeita de caso atípico de vaca louca não deve afetar exportações
Sampaio é dono de três propriedades vizinhas, localizadas no município de Porto Esperidião, no sudoeste do Estado de Mato Grosso. Ao todo, o plantel chega a 1300 cabeças. O pecuarista garante que está acostumado a mandar seus animais para o frigorífico.
– Eu estou arrasado, estou contrariado, mas fazer o quê? Eu não tenho culpa disso, porque se fosse um descuido por conta de sanidade, aí eu estaria com a minha consciência pesada, mas eu não descuido da sanidade do meu rebanho, todas as vacinas, mineral do bom, meus pastos são manejados o meu gado não passa fome, não passa sede, o meu gado é um gado que é bem tratado e bem manejado, sou eu quem tomo conta – declarou Sampaio.
O carregamento todo era composto por animais com idades entre 11 e 12 anos. O produtor afirma que todo o gado estava saudável no dia em que foram levados para o abate no frigorífico.
– No dia do embarque ocorreu tudo normal, não teve nada anormal, as vacas entraram todas correndo no caminhão, no jeito que entrou uma, entrou as trinta e cinco, as vacas saíram todas em pé. Eu sou uma pessoa que, quando embarco o gado, olho dentro do caminhão, e se tiver uma vaca deitada, peço para o motorista levantar para não ir pisoteando. Mas aqui na porta a gente cuida, na estrada você não cuida – diz.
O criador suspeita que a vaca doente pode ter caído na estrada e sido pisoteada pelas demais. Segundo ele, no lote haviam vacas nelore, que ficam mais nervosas durante o deslocamento.
A equipe de reportagem do Canal Rural acompanhou o trajeto de um caminhão carregado de gado e constatou o desgaste que os animais enfrentam, devido às condições da estrada. São mais de 80 Km de terra e muitas pontes danificadas, dificuldades que causam estresse aos animais transportados.
– A estrada é cheia de buracos, cheia de obstáculos, bueiros arrebentados, ponte quebrada… A estrada é péssima – comentou o empresário José Moacir de Oliveira.
As especulações foi o Mal da Vaca Louca geram muita preocupação entre os produtores. O pecuarista Joaquim Alves de Carvalho é vizinho de Sampaio, ele tem um rebanho de cinco mil cabeças de gado e se preocupa com a notícia.
– Eu quero acreditar que é um mal entendido, deve ser algum outro problema, talvez um estresse. É isso que eu quero acreditar, porque se tem uma região saudável para se criar gado é essa nossa região de fronteira aqui. E eu estou torcendo por ele, porque além de meu amigo, eu conheço o trabalho de manejo, a forma dele conduzir a fazenda de tratar dos seus animais – falou o vizinho.
Os pecuaristas da região afirmam que o preço da arroba já caiu de R$ 118 para R$ 112. O comércio do município também foi afetado. Para José Moacir de Oliveira, dono de uma loja de insumos para animais o resultado da contra prova pode determinar a situação da economia local.
A região sudoeste de Mato Grosso concentra boa parte do rebanho do Estado, são mais de 8 milhões de cabeças, em 22 municípios.
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Amostras do lote de animais foram enviadas ao laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), na Inglaterra. O resultado é aguardado para a quarta, dia 30.
Acompanhe a reportagem:
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