Vem do clima generoso boa dose de confiança que o campo carrega para a Expointer 2010. Na pecuária e na agricultura, a chuva que não faltou este ano levou o Rio Grande do Sul a uma safra recorde e faz agora o gado ter oferta abundante de alimento, ao contrário de 2009, quando a seca e as geadas deixaram o pasto crestado.
Apesar dos preços dos grãos abaixo do ano passado, o volume inédito de 24,3 milhões de toneladas tende a compensar e tornar a feira solo fértil para os negócios. Com melhor rentabilidade, a soja deve renovar o ímpeto de investimento dos agricultores. Para o consultor Carlos Cogo, especializado em agronegócio, as duas últimas safras deixaram o produtor capitalizado. E o clima, outra vez, pode dar um impulso até a feira.
? Prognósticos climáticos indicam a ocorrência do fenômeno La Niña ano que vem, o que gera um grau de risco para a safra da América do Sul. Quando isso começar a ser mais divulgado, o preço da soja deve reagir ? diz Cogo, ao ressaltar que os valores pagos ao produtor começaram a subir em junho.
Se o clima irriga, o crédito aduba. Depois da surpreendente procura por máquinas agrícolas na Expointer ano passado, o setor estima pelo menos, a dois meses da exposição, repetir os R$ 795 milhões comercializados em 2009 ? o dobro de 2008 ? será um êxito.
? Permanecem as vantagens de planos como o Mais Alimentos e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), e os agricultores podem aproveitar juros baixos ? lembra o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas (Simers), Cláudio Bier.
Para pecuaristas, os resultados das feiras de terneiros e a evolução do preço do boi são sinais de que a Expointer pode ter gordura para retomar o nível de 2008 e vendas de R$ 10,56 milhões.
? É um ano bem melhor do que 2009. Há sobra de pasto. E isso vai se refletir em uma compra maior de touros ? diz o presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais, Jarbas Knorr.
O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Mello, diz que em algumas regiões do Estado o preço do boi gordo chega a R$ 2,80, com tendência de encostar nos R$ 3.
Alguns entraves, no entanto, permanecem. Francisco Schardong, diretor da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), alerta que muitos produtores ainda sofrem com o endividamento. O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias, Rui Polidoro Pinto, chama a atenção para os baixos preços do trigo, arroz e milho, o que pode afetar a renda e inibir investimentos.
*Colaborou Patrícia Lima