Conforme o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, também serão contabilizados no balanço geral as vendas de carne industrializada. Ele aponta que novembro de 2011 já mostra um cenário diferenciado.
– A Venezuela figurou nesse mês como importador número um, superando Irã e Rússia. Isso por causa do anúncio de eleições, uma necessidade maior de aquisição de matéria-prima para compor um cenário interno bastante complicado em relação à proteína. A Venezuela vem ponteando em relação à receita nesse mês de novembro e o Irã em segundo. Com a saída do Paraguai, o Brasil passa a ser o grande competidor do Chile. A a gente tem evoluído bastante em relação aos últimos meses. O cenário é esse – explica.
A Abiec mantém as previsões para este ano. Mesmo com uma expectativa de queda de até 15% no volume exportado, a Abiec espera uma alta de até 15% na receita, superando os US$ 5 bilhões. Para 2012, a situação de maior receita e menor volume deve se manter, segundo o presidente da entidade.
– Antecipando uma avaliação, a gente acredita que ficará em um mesmo patamar. Talvez, diminua um pouco o dado que deve ser divulgado de queda de volume, apertando um pouco mais. Porém, seguramente, haverá um aumento de receita – aponta.
O analista de mercado da Informa Economics José Vicente Ferraz salienta que, quando cresce a renda, o consumo também aumenta. Por outro lado, quando há um problema econômico, a alimentação é um dos últimos itens a sofrer cortes. Por esse motivo, ele diz acreditar que os efeitos da atual crise nas economias desenvolvidas, como União Europeia, sobre a demanda por carne podem ser pontuais.
– É claro que pode ter um momento mais agudo da crise em que haverá um efeito pontual, por alguns meses, de queda efetiva de consumo. Entretanto, a tendência de médio e longo prazo é de aumento no consumo – garante.
De acordo com os especislistas, o principal desafio do setor de carne bovina neste momento é a oferta restrita. Segundo o presidente da Abiec, a saída é fazer o que ele chama de “elitizar”.
– Temos um quadro de redução de oferta de animais, fruto de um processo de eliminação de fêmeas. Todo esse imbróglio já é conhecido e, à medida que diminui o potencial de oferta no produtor, também tem que elitizar o mercado comprador. Então, estamos acessando mercados com status sanitário e mais difíceis de acessar que têm um nível de remuneração maior – complementa.