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Neste ano, um museu a céu aberto revela como a ExpoZebu chegou a 2014 como a vitrine do que há de melhor e mais moderno na pecuária zebuína.
– Eles começaram a enxergar que tinha que escriturar todos esses animais. A exemplo do que os ingleses fizeram com o cavalo inglês, então pegaram o red book, fizeram uma cópia e adaptaram para o zebu em Uberaba. Posteriormente, isso foi transferido para a Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, que assumiu este red book e também o papel político da nossa classe – destaca José Olavo Borges Mendes Júnior, ex-presidente da ABCZ.
A primeira feira de gado, promovida pela então Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, em 1935, surgiu para iniciar a caminhada da evolução da pecuária zebuína no Brasil. Ao longo desses 80 anos, foi sempre um ponto de encontro dos pecuaristas. Na época, o ministro da Agricultura Fernando Costa decidiu construir o Parque de Exposições, que era para ser em outra cidade mineira, Governador Valadares. O parque foi inaugurado em 1941 e leva o nome do ministro. Getúlio Vargas foi o primeiro presidente a participar da abertura da exposição.
As imagens recuperadas pelo Museu do Zebu mostram o dia da inauguração e a multidão diante de Getúlio. Assim começou a tradição dos presidentes na “Meca do Zebu”, onde foi criado o Baile do Presidente.
– Toda vez que o presidente vinha aqui tinha o Baile do Presidente, que era feito no Jockey Club, quando a ABCZ não tinha sede social. O Juscelino vinha aqui quando meu sogro era presidente do Jockey. Minha mulher dançou com ele porque ela era filha do presidente – conta Zito Sabino de Freitas, de 85 anos, ex-diretor da ABCZ.
– Era um baile a rigor. Naquela época, para você ter uma ideia, os grandes estilistas de moda na eram Clodovil e Dener. Quinze dias antes, eles vinham para cá para vestir as mulheres de Uberaba – relata o historiador Hugo Prata.
Não é apenas um evento social, a participação política ao longo da historia se tornou um ponto de embates, de cobrança direta junto ao governo federal por soluções para o agronegócio.
– Em 1963, na inauguração da exposição, o presidente da Sociedade era Antônio José Loureiro Borges, e, no dia da inauguração, o presidente João Goulart estava lançando um programa de reforma agrária que contrariava os interesses dos produtores. Borges fez um discurso em público, em cadeia nacional, chamando a atenção do presidente João Goulart sobre isso, e foi o primeiro passo para a queda de Jango, porque outras pessoas tomaram coragem e passaram a criticar o governo – acrescenta o historiador.
A Expozebu, assim como a pecuária brasileira, teve um grande impacto com a saga dos pecuaristas, que foram até a Índia buscar uma nova leva de zebuínos, em 1962.
– Não tínhamos raça nelore, era tudo zebu, aí foram definidas as raças, os parâmetros, e eles viram que o nelore era um animal muito prolífero, um animal fantástico, mas tinha perna fina, era pequeno, precisava de um choque de sangue, porque eles foram até a ilha e viram o ongole, que era um boi grande, então o trouxeram – relembra Mendes Júnior.
Na pista de julgamento, a cada exposição, a busca pelo que mais se aproxima das exigências do consumidor moderno: produtividade, mais quilo de carne por hectare. As tecnologias que vêm da inseminação artificial até a sexagem de sêmen aceleram todo o processo, mas o olho do criador é uma ferramenta sempre atual.
– A ABCZ, ao longo desses anos, se posicionou com muita austeridade, com muito profissionalismo, e isso deu à entidade condições de chegar forte aos 80 anos. Estamos tentando implementar ainda mais tecnologia para facilitar os serviços aos associados e divulgar e capacitar sempre, com o intuito de aumentar a produtividade, levar essa tecnologia e a genética, seja para a produção de carne, de leite, para o pequeno ou médio produtor e para o produtor comercial – conclui Luiz Claudio Paranhos, presidente da ABCZ.
Esta edição da ExpoZebu contou com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff, e do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller. Em seu discurso, Dilma anunciou medidas como a regulamentação do CAR, a duplicação da rodovia BR-262 – entre os municípios mineiros de Uberaba e Campo Florido – e a ampliação do incentivo ao acesso de pequenos e médios produtores a tecnologias e financiamentos.