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Falta de frigoríficos prejudica pecuaristas no noroeste de Mato Grosso

Concentração do setor gera reclamações dos produtoresA insatisfação dos pecuaristas do noroeste de Mato Grosso com as indústrias frigoríficas aumentou bastante nos últimos anos. Com unidades fechadas, recuperações judiciais e concentração de empresas, os produtores reclamam da relação com os frigoríficos.

Dono de um rebanho com quatro mil animais, o pecuarista José Flávio Andrioli diz não ter escolha na hora de vender o gado para abate. No início de 2012, a única indústria instalada no município de Juína foi arrendada para o grupo JBS, o que, segundo o produtor, teve reflexo imediato nos preços.

— Quando o (frigorífico) Guaporé passou para o JBS, o valor pago pelo boi caiu R$ 4,00 na mesma semana — afirma.

Segundo a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a situação do noroeste do Estado é alarmante. As quatro indústrias habilitadas com inspeção federal instaladas na região pertencem ao grupo JBS. Três estão em funcionamento, com capacidade para abater diariamente mais de dois mil animais.

Segundo os pecuaristas da região, diante da concentração não sobram alternativas para comercializar os animais. A planta mais próxima de Juína, que não pertence ao mesmo grupo, fica a pelo menos 500 km de distância, o que dificulta a operação.

Hoje, em Mato Grosso, um único grupo é responsável por 48% da capacidade de abate instalada. Em 2008, antes do início da crise no setor, a mesma empresa controlava apenas 14% das operações. O avanço é visto com desconfiança pelos produtores, que também contestam os preços pagos pela arroba.

— Hoje estamos praticando uma arroba de R$ 74,00 na vaca e a ração, o sal mineral, não param de subir. Nós não temos opções. Temos Tangará da Serra, que é uma outra bandeira, mas eles nem fazem força de comprar animais da nossa região, porque são 700 km de distância. Encarece muito o frete para buscar os animais, e, automaticamente, o preço da arroba não vai ser o mesmo que a gente vende aqui. Então, infelizmente nós não temos opção. Ou nós vendemos para o JBS de Juruena ou vendemos para o JBS de Juína — diz o pecuarista Marcos Antônio Rodrigues.

Além do monopólio, os produtores também estão insatisfeitos com as negociações envolvendo o processo de recuperação judicial do Frigorífico Independência. A proposta de compra dos ativos da empresa pelo JBS, aprovada na terça, dia 15, não agradou aos pecuaristas, que vão receber apenas 2% da dívida.

O caso Independência prejudicou os produtores, mas, ao mesmo tempo, fez com que muitos voltassem a dar prioridade para a venda do boi à vista, apesar dos descontos em relação à venda a prazo. Os pecuaristas querem segurança, mas também esperam mais das empresas.

— Nós aguardamos respeito, aguardamos que estas recuperações judiciais, que têm sido proclamadas aos quatro cantos do país, sejam vistas de uma forma muito mais séria, com muito mais respeito para o produtor rural. Não é justo alguém que vai lá e dedique anos do seu trabalho para engordar um boi, uma vaca, entregar para a indústria e depois não ter satisfação de nada do seu dinheiro — afirma o advogado José Antônio Pelegi Rodrigues.

Por meio da assessoria de imprensa, o grupo JBS informou que não tem como manipular os preços da matéria-prima e que as cotações praticadas pela companhia acompanham as do mercado e são formadas de acordo com a relação entre oferta e demanda. A empresa destacou ainda que não possui monopólio do setor, já que em todas as regiões existem outros frigoríficos, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte.

Confira a reportagem do Rural Notícias:

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