As conclusões mostram a necessidade de fiscalização mais rigorosa do serviço veterinário na aplicação efetiva da imunização do rebanho, problemas na manutenção da qualidade da vacina, falhas no controle do trânsito de animais e cadastro incompleto das propriedades. Para o veterinário chileno José Naranjo, um dos membros do grupo e chefe da unidade de epidemiologia do Panaftosa, a omissão no acompanhamento da vacinação é uma das falhas mais graves.
– O setor oficial delegou ao privado além do que entendemos ser razoável. O setor privado tem de vacinar, mas a supervisão deve ser oficial. O controle oficial está bastante ausente – diz Naranjo,
Segundo ele, a falta de fiscalização contribui para os casos em que os produtores não vacinam todo o rebanho ou então o fazem em apenas uma campanha. A distribuição das vacinas, segundo Naranjo, também preocupa. Conforme o veterinário, a maior parte do produto é distribuída na capital, Assunção, e muitas vezes viaja até 500 quilômetros pelo país em condições nem sempre satisfatórias de temperatura, com riscos à manutenção da qualidade. Outra preocupação é a possibilidade de adquirir a vacina em qualquer período do ano e não apenas em épocas de vacinação, o que também pode comprometer o produto.
Presidente do CVP e da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), o brasileiro e diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, acrescenta que outra observação do relatório é a necessidade de uma atenção especial à região do Chaco devido ao histórico de problemas.
– Lá é preciso uma atenção diferenciada, com ações coordenadas oficiais, como o Brasil fez na calha do Amazonas, com vacinação, inspeção clínica, coleta de amostras e cadastro de propriedades – afirma Marques.
Segundo ele, o relatório também está nas mãos do serviço veterinário paraguaio, que agora parece estar aberto a novas missões internacionais que possam ajudar em soluções de médio e longo prazo para o país.
– A partir do relatório, o Paraguai poderá corrigir as suas inconformidades. Recebi uma carta do Senacsa (o serviço veterinário paraguaio), extensiva a todos os países do Mercosul, se colocando receptivo a novas missões para solucionar o problema – conta Marques.
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Em linha do tempo, relembre a cronologia do combate à febre aftosa:
Confira a localização do distrito de Piri Pukú, na região de San Pedro:
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