Foco de febre aftosa coloca sistema de fiscalização sanitária do Paraguai em discussão

Diretor nacional de Sanidade Animal diz que situação no país é "incômoda e desagradável"A confirmação de um novo foco de aftosa colocou em discussão o sistema de fiscalização sanitária do Paraguai. No dia 29 de dezembro passado, a Senacsa havia declarado o fim do estado de emergência sanitária na região do departamento de San Pedro, no Centro-Oeste do país. Entretanto, nesta segunda, dia 02, foi confirmada a existência da doença na propriedade Nazareth, na localidade de Pirí Pucú.

Apesar disso, a decisão de retirar o estado de emergência, no final de dezembro, foi considerada correta pelo diretor nacional de Sanidade Animal da Senacsa, Miguel Barboza, em entrevista por telefone ao jornal Zero Hora.

– Não considero que tenha havido uma decisão precipitada, pois os resultados epidemiológicos deram negativo para a presença de animais infectados. No entanto, é claro que a situação é incômoda e desagradável – afirmou.

Segundo Barboza, ainda nesta terça ou, no máximo, na quarta, será emitido novo decreto definindo novamente a região como área de emergência sanitária.

O diretor também confirmou que as autoridades locais estão verificando as origens do novo foco da doença e reforçou que um dos principais motivos deve ter sido o ingresso irregular de animais na fazenda Nazareth. Conforme Barboza, o proprietário da fazenda poderá ser punido, mas a multa somente será definida após o fim das investigações, cujo prazo não está definido.

– Pela legislação, o proprietário não tem direito a ser indenizado no caso de sacrifício de animais e ainda será multado – garantiu.

De acordo com informações do jornal paraguaio ABC Color, nesta tarde, as autoridades da Senacsa promoveram uma coletiva de imprensa para informar que o proprietário da fazenda não denunciou os casos de aftosa em seu rebanho e que, devido ao novo foco, haverá mudanças no sistema de fiscalização sanitária do país. Anteriormente, as unidades regionais de saúde animal eram coordenadas pelos próprios agricultores. Agora, serão assumidas totalmente pelo serviço pecuário do país.

Além disso, o atual presidente da Secretaria Nacional de Saúde (Senacsa), Daniel Rojas, trocou farpas pela imprensa com seu antecessor, Hugo Corrales, acusando-se mutuamente pelo entrave.

Antecedentes preocupantes

18 DE SETEMBRO
O Paraguai, que desde 2006 tinha o status de país livre da aftosa com vacinação, confirma foco da doença em uma propriedade a 130 quilômetros da fronteira com o Brasil, no departamento de San Pedro. As suspeitas, no entanto, existiam há ao menos 20 dias.

25 DE SETEMBRO
Autoridades sanitárias encerram o abate de mil bovinos na fazenda.

29 E 30 DE NOVEMBRO
Durante reunião extraordinária da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), no Rio de Janeiro, o Paraguai assegura que a situação está controlada e não há novos focos.

2 DE DEZEMBRO
O Brasil volta a permitir a importação de carne paraguaia.

29 DE DEZEMBRO
O governo paraguaio confirma o fim da emergência sanitária, levantada 15 dias antes pelo Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Anima (Senacsa).

30 DE DEZEMBRO
O Senacsa informa a nova suspeita no departamento de San Pedro. O dono da propriedade admitiu que cerca de 170 bovinos apresentavam sintomas semelhantes à aftosa há 26 dias.

SEGUNDA, DIA 2
A propriedade é interditada, e o novo foco de aftosa é confirmado.

>> Entenda a doença em infográfico multimídia


>>Acesse site especial sobre febre aftosa

Confira a localização do distrito de Piri Pukú, na região de San Pedro:


Visualizar Febre Aftosa – Paraguai em um mapa maior