Fonterra quer elevar produção de leite com foco no mercado emergente

Empresa neozelandesa responde por cerca de 40% do comércio global de lácteosA neozelandesa Fonterra Co-Operative Group Ltd., que responde por cerca de 40% do comércio global de lácteos, informou por meio de um comunicado que tem planos de ampliar a sua produção mundial para 30 bilhões de litros até 2020, concentrando-se em mercados emergentes, como a China, e em produtos de forte apelo nutricional.

— O forte crescimento econômico e populacional nos mercados emergentes leva a uma situação em que a demanda mundial por leite deve crescer mais de cem bilhões de litros até 2020, com a Nova Zelândia devendo contribuir um com uma quantia extra de apenas cinco bilhões de litros até lá — disse o executivo-chefe da Fonterra, Theo Spierings.

A empresa neozelandesa reconheceu que uma desaceleração na China é provável, mas informou que o setor não será afetado. “Eu não temo pelos lácteos”, afirmou. “O Produto Interno Bruto chinês é muito influenciado pelos setores imobiliário, de energia, infraestrutura, transportes, entre outros” e, embora devam desacelerar, “as pessoas ainda têm que viver e precisarão ser alimentadas.”

A Fonterra anunciou nesta quinta, dia 29, que estava reformulando a sua estratégia global para focar em um público que inclui mães, bebês e idosos, buscando aproveitar o crescente consumo de leite da China, do Sudeste Asiático e da América Latina. Spierings acrescentou que não há evidência até agora de uma desaceleração da demanda chinesa pelo produto.

— Eu não acho que veremos uma desaceleração do crescimento da demanda e, nos segmentos em que atuamos, eu vejo inclusive uma melhora — afirmou Spierings.

Cerca de 60 milhões de bebês nascem na China a cada ano e a demanda por leite deve aumentar cerca de 80% entre 2012 e 2020, segundo ele. Atualmente, o mercado chinês consome 35 bilhões de litros por ano, disse o executivo-chefe. Aproximadamente 50% da produção neozelandesa da Fonterra, de 17 bilhões de litros, destina-se para a China, Sudeste Asiático e América Latina. O setor agrícola é o pilar da economia da Nova Zelândia, com o leite respondendo por 25% das exportações avaliadas em 45 bilhões de dólares neozelandeses (1,228 dólar neozelandês = US$ 1).

Embora Spierings espere que a produção neozelandesa da Fonterra salte para 22 bilhões de litros até 2020, a companhia continua focada na produção de oferta local de alta qualidade, em particular na China. O grupo tem duas unidades em operação no país asiático e vai inaugurar uma terceira em meados de abril. A produção total de leite na região cresça para 500 milhões de litros por ano até 2015, ante 170 milhões de litros atualmente.

A companhia também planeja construir uma unidade de produção na China. Em ambos os casos, a gigante neozelandesa busca parceiros estratégicos e financeiros, mas o executivo salientou ser fundamental que a Fonterra mantenha o controle da gestão.
Ele disse ainda que a empresa também tem planos de estabelecer uma fazenda piloto na Índia, assim como um escritório regional.

Balanço

A Fonterra anunciou um faturamento 7% maior no semestre encerrado em 31 de janeiro, de 10 bilhões de dólares neozelandeses (US$ 8,2 bilhões), devido principalmente ao aumento da produção.

O lucro líquido atribuível aos controladores totalizou 339,3 milhões de dólares neozelandeses, alta de 18,5% na comparação anual. Considerando a participação de minoritários, o grupo lucrou 346 milhões de dólares neozelandeses, 18,1% mais em relação ao mesmo semestre do ano anterior.

“Os preços internacionais dos produtos lácteos recuaram depois das máximas do ano passado, mas permaneceram relativamente estáveis durante a primeira metade do ano fiscal. As cotações foram sustentadas por uma forte demanda por ingredientes de qualidade em mercados emergentes, como Brasil e China, que compensou a incerteza econômica na Europa”, informou o presidente da Fonterra, Henry van der Heyden, no informe de resultados.

O executivo-chefe da empresa, Theo Spierings, prevê um novo arrefecimento nos preços dos produtos lácteos em meio à significativa oferta, mas afirmou que a Fonterra manteve as suas perspectivas para o ano.