Uma força-tarefa está sendo realizada na região para combater o surto. Além do trabalho de conscientização dos pecuaristas, análises e diagnóstico da doença são realizados pelas inspetorias de Defesa Agropecuária.
Em uma área de florestamento de Hulha Negra a equipe de combate encontrou uma colônia de 200 morcegos. O esterco com sangue prova que eles andaram atacando muitos animais da região. A equipe monta uma armadilha, feita de redes com bolsões, que são colocadas do lado de fora da furna. É preciso esperar no escuro e no silêncio para que os animais saiam para se alimentar. A tarefa exige paciência e técnica. Depois de algumas horas, os primeiros morcegos começam a cair na rede. Aos poucos, as gaiolas ficam cheias.
– O morcego hematófago tem algumas características que são da espécie dele, que se alimenta de sangue. O tamanho é em torno de 30 centímetros. Ele não tem a membrana interfemural que os outros têm, e morde – pontua o médico veterinário da Seapa-RS, Vilson Hoffmeister Junior.
Para eliminar as colônias caçadas, os “caçadores” besuntam nos morcegos um veneno à base de varfarina, que causa hemorragia interna. Depois, eles são soltos novamente.
– Com essa pomada, quando ele retorna ao grupo, lambuza os outros elementos da colônia. Eles lambem-se e ingerem a pomada, eliminado a colônia. Para cada morcego besuntado, a gente elimina de 20 a 30 elementos – acrescenta Hoffmeister.
No entanto, nem todas as espécies de morcegos são hematófagas.
– São características diferentes de nariz, de tamanho, então, esse morcego, como ele não transmite a raiva, a gente não combate ele. Quando ele cai na rede, a gente o liberta – diz o veterinário.
No Rio Grande do Sul, 10 equipes de trabalho atuam no combate aos morcegos hematófagos. Os refúgios que são cadastrados na Secretaria Estadual de Agricultura já estão controlados. O surto atual acontece por furnas que não são de conhecimento das inspetorias. Por isso, existe a necessidade de os produtores rurais colaborarem na identificação de refúgios e notificarem o serviço estadual.
– Isso é uma atribuição do produtor rural, porque a ele compete a localização desses refúgios, a informação para nós podermos atuar. Se ele vacinar, ao menos temos a garantia de mortalidade em menor escala – ressalta Rosseto.
A supervisora regional de Bagé, Ana Suñe, afirma que a raiva é uma doença de notificação obrigatória pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMS).
– É fundamental que o produtor procure a inspetora toda vez que ele tiver animais com sintomas. Com queda do trem posterior, é importante que notifique, porque a gente vai até a propriedade e coleta o material que precisamos para confirmar o foco. A gente precisa desse diagnóstico laboratorial – salienta Ana.
• Veja a primeira parte da reportagem, mostrando a situação do surto, que foi confirmado