Produtores de frango, indústria e entidades do segmento avícola iniciaram uma mobilização para discutir medidas para reduzir o impacto da escassez e dos altos preços dos grãos – milho e soja -, que representam 70% dos custos de produção total da proteína.
Em reunião realizada na última terça-feira, 11, o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) apresentou uma série de ações emergenciais e estruturantes, em apoio às solicitações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
As entidades fizeram um apelo aos governantes para que o presidente Jair Bolsonaro, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, agendem uma audiência para discutir as iniciativas requeridas pelo setor.
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“Queremos trabalhar junto aos governos federal e estadual para aliviar a pressão da alta dessa matéria prima, a soja e o milho, em nosso país. As justificativas para esses pedidos são muito reais, os empregos e o abastecimento da proteína estão em risco. Hoje, há um paradoxo, o importador tem menos custo na compra do milho brasileiro do que o industrial do nosso país. Isso porque na exportação o PIS e o COFINS são isentos, enquanto no mercado interno não é”, afirmou o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues.
A mobilização do setor acontece em um momento em que a produção de carne de frango no Brasil está 43,4% mais cara, segundo dados do ICP Frango, da Embrapa Suínos e Aves, em relação a abril do ano passado. No Paraná, por exemplo, foi registrada alta de cerca de 115% no preço do milho, quando comparado com o mesmo período no ano anterior, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Ainda segundo a entidade, na soja, a alta do preço médio superou 98%. Já o valor do frango teve um aumento de apenas 14,4%, conforme números do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.
O presidente executivo do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, que esteve presente na reunião, destacou que a situação ocorre após o setor se mobilizar e realizar investimentos para manter o abastecimento das famílias brasileiras em meio à pandemia.
“Temos que tratar como uma questão emergencial porque isso pode afetar o mercado, o abastecimento, e causar desemprego na iminência de menor produção. Fizemos nossa parte na pandemia, agora isso não deixa de ser uma consequência do momento”, apontou.
Além das questões emergenciais, é importante desenvolver um programa com foco em propostas estruturantes, conforme defende o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette. “Temos que ver não só o problema emergencial, mas um programa onde se precisa captar recursos, com juros condizentes. Vejo como oportuna a questão de tentar fazer um estudo de longo prazo para o setor. Nunca vamos querer concorrer com Centro-Oeste, mas temos que aproveitar o diferencial para ter um Paraná transformador no meio de proteína animal”, relatou.
Sendo assim, as entidades apoiaram as sugestões ao governo e órgãos competentes, que constam em ofício enviado pela ABPA à Presidência da República, com foco em ações emergenciais e estruturantes como:
- Autorização excepcional para importação de milho transgênico produzido nos Estados Unidos, com a finalidade exclusiva de uso na ração animal;
- Suspensão temporária (até dezembro/21) da cobrança de PIS e Cofins sobre a importação de grãos – para empresas que não operam na modalidade drawback;
- Suspensão temporária da cobrança de PIS e Cofins incidentes sobre o custo do frete nas operações interestaduais de transporte de grãos;
- Ampliação do acesso a crédito para construção de armazéns e armazenagem de milho, voltado às agroindústrias e cooperativas de proteína animal do Brasil
- Instalação de programas de incentivo ao plantio de cereais de inverno, em especial nos entornos dos polos produtores de proteína animal
- Linhas de crédito favoráveis para o plantio de milho no verão, com juros adequados, subvenção de seguro e aumento de limite por CPF.