Segundo o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Clever Pirola Ávila, Santa Catarina está iniciando um trabalho com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e outros órgãos de pesquisa para desenvolvimento de um microchip que vai permitir rastrear frango por frango. Esse chip seria injetado nas vacinas.
Com isso é possível ter um controle similar ao dos bovinos. É um esforço para dar competitividade para o Estado, pois a produção de grãos não é suficiente.
? Importamos dois milhões de toneladas de milho por ano ? afirma Ávila.
Em relação às expectativas para 2011, o presidente ad Acav espera que o Estado tenha um crescimento de 4% em produção e 6% em faturamento e siga os mesmos números do país. Santa Catarina é responsável por cerca de 30% da produção nacional, que chega a 14 milhões de toneladas. Em relação à exportação, o Estado deve seguir a mesma proporção.
? Tivemos um ano bom no mercado interno, mas que não foi bom para as exportações, o que impacta em Estados exportadores como Santa Catarina. Fomos penalizados pelo câmbio e pelo custo ? aponta.
De acordo com Ávila, insumos como soja, milho e farelo de soja aumentaram muito. Isso prejudicou a competitividade.
? Hoje somos mais caros que os Estados Unidos. Tivemos também algumas dificuldades com a Rússia, mas que não deve ter grande impacto como nos suínos, já que vendemos para mais de 150 países ? afirma Ávila.
Segundo ele, o Paraná vai superar os catarinenses e foi apresentado um plano de ação para o Governo do Estado de Santa Catarina para recuperar essa liderança. Além disso, está sendo implantado um projeto de rastreabilidade da cadeia produtiva animal, para que seja aproveitado o diferencial catarinense, que é a qualidade e a vocação produtiva.
? Esse projeto deve ser implantado em três anos. A rastreabilidade já existe por lotes. Mas vamos melhorar essa tecnologia utilizando sistemas de radiofrequência. O produtor vai poder abastecer o sistema via internet. Os órgãos de fiscalização também terão informações instantâneas das cargas com um scanner. Inicialmente cada aviário vai ser identificado, com controle da alimentação, vacinas, o transporte até a agroindústria e o transporte até o porto ? disse o presidente da Acav.
O plano entregue ao Governo de Santa Catarina tem 23 tópicos. Ele prevê uma logística adequada como a construção de uma ferrovia até o Oeste, investimentos na ferrovia ligando Imbituba, Itajaí e São Francisco e interligação do Oeste com o Paraná e Centro Oeste, para o escoamento de grãos.
De acordo com Ávila, o Governador considera mais viável tentar duplicar a BR 282 e a BR 470. Mas a ferrovia é mais sustentável, pois causa menos poluição e menos desmatamento para sua implantação. Segundo ele, o governo não pode fazer tudo por isso é necessário fazer concessões para a iniciativa privada tocar esses projetos.
? Em São Paulo temos rodovias de primeiro mundo. Precisamos nivelar o “custo Brasil” para não perdermos competitividade. Precisamos ter um plano a longo prazo. Não podemos depender de soluções a cada quatro anos. O empresário não pode ficar refém das mudanças de governo ? afirma Ávila.
De acordo com o presidente da Acav, o cenário é de estabilidade. É esperado um crescimento em torno de 4%.
? Não tem mais espaço para crescer dois dígitos como vínhamos crescendo, a não ser que surja um fato novo. Queremos fortalecer nossa presença no mercado asiático. O comércio com a China é a mola propulsora. Queremos um crescimento mais efetivo na China, Hong Kong, Japão e Indonésia. Também vamos buscar novos mercados na África, como Angola e países vizinhos, e na África do Sul ? afirma Ávila.
Segundo ele, não devem ocorrer investimentos em aumento da capacidade produtiva. Devem ocorrer investimentos em tecnologia e automação, para compensar a falta de mão de obra.
Em relação aos preços ao consumidor, o presidente da Acav não acredita em aumento nos valores.
? Não deve ter sobressaltos no preço da carne ao consumidor. Ela deve se manter nos atuais patamares ? aponta Ávila.