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Fraude na Europa tende a valorizar carne de cavalo brasileira

Inspeção e fiscalização eficientes garantem confiabilidade ao produto do paísO escândalo da carne de cavalo erroneamente rotulada como carne bovina em refeições congeladas começou na Irlanda e se espalhou pela Europa. Na segunda, dia 25, a gigante sueca Ikea anunciou que retirará de 15 países do continente europeu almôndegas de carne suspeitas de conter carne de cavalo, após análises feitas na República Checa.

Para especialistas, o problema está na fraude e não no consumo da carne de cavalo – incomum aos brasileiros, mas considerado uma iguaria em diversas culturas, além de saudável e nutritiva.

Na contramão dos prejuízos das indústrias europeias, a produção de carne de cavalo pode ser valorizada, trazendo vantagens, principalmente para o maior frigorífico de abate de equinos em atividade no Brasil, o Foresta, no Rio Grande do Sul. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, a valorização tende a ser um reflexo da confiabilidade no sistema brasileiro de inspeção.

– O mercado consumidor de carne de cavalo é solidificado. Havendo demanda, optará pelo produto que tem inspeção rigorosa, como o brasileiro.

Venda ainda é tratada com reserva no Estado

Camardelli garante que não há risco de o Brasil vender carne de cavalo como sendo bovina porque o sistema de inspeção e fiscalização do país é “extremamente confiável”:

– O Ministério da Agricultura acompanha o abate, o processamento da carne e os equipamentos usados. Nenhum produto sai do frigorífico para a indústria sem certificação.

De origem uruguaia, o Foresta funciona em São Gabriel, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, há 17 anos, e dedica-se exclusivamente ao abate de equídeos (cavalo, jumento e mula). Recebido com desconfiança pela população, acostumada a tratar dos cavalos com cuidados especiais – o animal é um parceiro do homem do campo -, o frigorífico sentiu que, com o tempo, as pessoas se acostumaram com a ideia.

– Perceberam que os animais mais velhos ou sem finalidade, que seriam sacrificados de qualquer forma, poderiam ser uma oportunidade de negócio – diz Marcelo Caleffi, do Foresta.

Ainda assim, o assunto é tratado com reserva, como observa Renato Cunha Fagundes. Criador de gado, ovinos e produtor de arroz, vende, por ano, entre dois e três cavalos.

– Muita gente vende, e quase ninguém admite por medo, devido à tradição. Não tenho problema com isso, porque estou dando utilidade aos animais velhos ou muito bravos.

O quilo de carne equina custa entre R$ 0,30 e R$ 0,90. O de carne bovina, vale mais: no mínimo, R$ 3,20.

Produção tem como foco apenas o mercado externo

Segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs), Zilmar Moussalle, não existem criadores de cavalo exclusivamente para abate no Brasil. Além disso, a carne produzida em solo brasileiro é toda para exportação.

– Não costumamos comer este tipo de carne, principalmente pelo carinho que temos pelo animal. Países como Japão, Bélgica e França são nossos grandes compradores.

Moussale salienta, no entanto, que o consumo do carne de cavalo não é proibido no país. Por lei, porém, todo produto com o ingrediente deve trazer essa informação na embalagem.

O presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Erival Bertolini, afirma que a grande maioria dos associados é contra a prática.

– O cavalo é o melhor amigo para muitos gaúchos. Quando não tiver mais tempo de cuidar dos meus, não terei coragem de vendê-los.

Só dois frigoríficos em funcionamento no país

Conhecido pela relevância nas exportações de carne bovina e suína, o Brasil também tem importância no mercado de carne de cavalo. Segundo dados do Ministério da Agricultura, o país exporta cerca de US$ 30 milhões por ano. Em 2012, foram 2,3 mil toneladas, alta de 13%.

Esse volume já foi maior. Em 2004, o país chegou a produzir 20 mil toneladas do produto. A queda seria fruto da cobrança por sanidade, exigência de rastreabilidade e câmbio desfavorável.

No auge das exportações, sete frigoríficos estavam habilitados. Hoje, quatro têm autorização, mas só dois funcionam: Foresta, em São Gabriel (RS), e Oregon, em Apucarana (PR).

Em janeiro, o Estado registrou o abate de 648 equinos. Como comparação, foram abatidos 60,3 mil bovinos no mês passado.

>>Leia a matéria original em zerohora.com

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