Segundo o Greenpeace, o Estado, que possui o maior rebanho do Brasil, estaria liderando o processo de devastação da Amazônia. Por isso, as empresas JBS-Friboi, Bertin, Marfrig e Minerva estão assumindo agora um compromisso formal de não comprar animais de áreas desmatadas. Porém, a proibição vale apenas para os novos desmatamentos.
Nesta segunda, dia 5, em São Paulo, representantes da indústria, o Greenpeace e o Estado de Mato Grosso vão divulgar os detalhes do compromisso que vem sendo chamado de moratória da carne. Cada indústria já vem firmando acordos em separado com os ambientalistas desde junho.
Os frigoríficos ainda não se manifestaram oficialmente sobre o assunto, mas o Greenpeace informou que, além do compromisso, as indústrias também vão adotar um programa que inclui prazo para cadastro de todos os pecuaristas, além do monitoramento das áreas desmatadas.
Um dos pontos polêmicos se refere aos prazos para adequação. O acordo firmado com o JBS-Friboi, por exemplo, prevê a exclusão da lista de fornecedores apenas para as fazendas que tenham desmatado o bioma Amazônia depois de 23 de setembro deste ano. São detalhes que os pecuaristas mato-grossenses gostariam de ter definido em conjunto, antes da assinatura dos acordos.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso também questiona quem vai cobrir os custos para implantar as regras da moratória. Até mesmo a indústria admite que alguns pontos ainda devam ser discutidos. O diretor do Departamento de Agronegócios da Fiesp, Benedito Ferreira da Silva, defende algum tipo de compensação ao produtor.
Ferreira diz que apóia a moratória e que ela deve ser um primeiro passo. Ele lembra que junto com os acordos, outras melhorias precisam ser feitas como a maior fiscalização das áreas desmatadas, um sistema completo de rastreabilidade e a regularização fundiária dessas regiões.
Preservar o meio ambiente também é um costume antigo do vice-presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), José Luiz Niemeyer, que vive no interior de São Paulo. Na propriedade, ele adota medidas de reflorestamento, reciclagem de lixo e conservação de solo. O pecuarista diz que a atividade não deve ser vista como vilã do meio ambiente. Ele é a favor de acordos como este.