O assunto será discutido em uma reunião entre representantes dos Ministérios da Agricultura dos dois países marcada para esta terça, dia 3.
Especialistas acreditam que o embargo não deve durar muito tempo. O assunto deve ser resolvido em até 35 dias, na opinião do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), Eroni Barbieri. O presidente do Instituto Nacional da Carne Suína (INCS), Wolmir de Souza, lembra que no segundo semestre os russos fazem estoque para atravessar o inverno, mais um motivo para solução rápida. Ele acredita que a situação está resolvida até agosto deste ano.
Ambos concordam que o novo embargo russo não deverá ter um grande impacto aos negócios catarinenses, porque ele ocorre em um momento em que os produtores estão animados com a possibilidade de negócios com os Estados Unidos, o Canadá e a China.
O presidente do INCS declara que é preciso esforço para firmar parcerias com estes países e diversificar a clientela. Desta maneira, o Brasil deixaria de ser refém de um comprador tão poderoso como a Rússia, principal mercado das exportações de carne suína do país e de SC. Para Souza, as parceria com outros mercados forçariam o governo russo a mudar o seu comportamento em relação às medidas restritivas, com o risco de perder o Estado como fornecedor.
Do volume total de exportações de carne suína pelo Brasil em 2010, 234 mil toneladas tiveram como destino a Rússia ? 22,3 mil toneladas de frigoríficos catarinenses. O vice-presidente da federação catarinense explicou que o embargo é uma resposta do governo russo à pressão de produtores do país, mas afirma que o problema sempre é contornado. Ele afirma que já perdeu a conta de quantas vezes essa situação aconteceu.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, disse que tem sido normal a suspensão de frigoríficos. Eles entram e saem da lista de empresas autorizadas pelos russos.
Após inspecionar as unidades da BRF Brasil Foods em Chapecó, Concórdia e Capinzal, no início de abril, o governo russo anunciou que iria descredenciá-los no final do mês. A Abipecs afirma que não há detalhes sobre as restrições.
O vice-presidente da Faesc reforçou que o problema será resolvido num curto espaço de tempo e sugeriu aos produtores manter os investimentos. Ainda assim, ele admite que existe o temor de o cenário persistir e a carne suína destinada a exportação precisar ser colocada no mercado nacional. Se isso ocorrer, haveria aumento da oferta e queda dos preços.
O presidente do INCS não acredita nesta possibilidade. Souza afirmou que é preciso estar preparado para reações, como o lobby de produtores russos para restringir a importação de cortes mais elaborados do Brasil.