Depois da crise provocada pelos focos de febre aftosa, com baixa nos preços do boi gordo e nas vendas para o mercado externo, os pecuaristas de Mato Grosso do Sul tiveram que se adaptar. Uma das saídas foi a venda de matrizes. O rebanho do Estado passou de 24 milhões para 18 milhões de animais, conforme o IBGE. Com a demanda aquecida e a oferta reduzida, o resultado foi uma disparada nos preços da arroba, que hoje custa em média R$ 90 no Estado. A nova realidade trouxe reflexos para as indústrias de carne. Algumas não estão conseguindo acompanhar as mudanças do mercado.
Em Três Lagoas, um frigorífico dispensou os 180 funcionários e anunciou que vai fechar as portas. Uma decisão apontada como emergencial, em virtude da redução de até 50% na escala de abates.
A crise também atingiu uma distribuidora de carne em Campo Grande. A empresa, que atua na desossa, abastece cerca de 30% dos supermercados da cidade e nesta semana emitiu aviso prévio a 120 dos 150 funcionários. Um dos motivos é a escassez de animais prontos para o abate. Mas, segundo o empresário Marcelo Zanatta, há outras razões.
? Foi difícil trabalhar no vermelho nos últimos meses. A decisão é aguardar os próximos 60 ou 90 dias para o mercado se regular. Há oferta, mas os preços estão muito altos, e além da realidade que pode ser paga pela indústria, já que ficará impossível passar esse reajuste para o consumidor ? diz ele.
A crise do setor era esperada, já que o rebanho diminuiu e o consumo aumentou. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Famasul), chegou a vez das indústrias aprenderem a ser mais eficientes e mais competitivas para não fecharem as portas.
? Apenas as indústrias que souberem administrar bem a situação continuarão operando. A crise já era anunciada, e será passageira ? afirma Ademar Silva Júnior, presidente da Famasul.