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Gado crioulo de Santa Catarina recebe registro oficial

Certificado garante abertura do mercado e fim do risco de extinçãoHá 300 anos, aglomerados em gigantescas tropas, os gados crioulos lageanos passavam pela Serra Catarinense durante viagens do Sul ao Sudeste, contribuindo com o desenvolvimento do Brasil. E agora, depois de muita espera, são oficialmente reconhecidos, podendo novamente reforçar a economia do país e, ao mesmo tempo, preservar a história.

Descendente direto do Long Horn, criado na América do Norte, o gado crioulo lageano acaba de ser registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que publicou sua decisão no Diário Oficial da União de 31 de outubro, através da Portaria 1.048.

O certificado era esperado desde 2005, e sua conquista vai representar a abertura de mercado, a evolução genética e o afastamento – ou fim – do risco de extinção da raça, já que hoje o seu rebanho é de apenas 1 mil animais no país, 80% dos quais na região de Lages.

As famílias que os produzem não passam de 20. O reconhecimento da raça também libera a participação em eventos, como exposições e leilões, o que até então não era possível.

Carne é ideal para o consumo

De pelagem curta e couro grosso, condições que o tornam mais resistente a carrapatos, bernes e moscas, o gado crioulo lageano perde pouco peso no inverno, pois não seleciona muito a pastagem que come, e é rústico, com fácil adaptação ao ambiente em que vive.

Apesar de suas principais características não serem leiteiras, as vacas produzem, em média, oito litros de leite por dia, e têm excelente habilidade materna. Além disso, o gado crioulo lageano tem bom rendimento de carcaça, e sua carne, que representa mais de 50% de todo o corpo, é macia e ideal para o consumo humano.

Mas a intenção dos produtores, pelo menos por enquanto, não é enviar estes animais aos açougues, e sim, reproduzi-los ao máximo.

Nos planos da Associação Brasileira de Criadores de Bovino da Raça Crioula Lageana (ABCCL), está a existência de cinco mil unidades em até 10 anos.

Com a expansão do rebanho, será possível investir na produção da carne e exploração de seus subprodutos, como os grandes chifres e couro, que poderão ser utilizados na confecção de tapetes e outros artesanatos.

– Como não tinha reconhecimento, este gado até despertava interesse entre criadores, mas não era adquirido justamente por não poder ser comercializado. Agora, isso será possível e, como é um animal raro e de primeira qualidade, terá um alto valor. Uma vaca normal, por exemplo, não deverá custar menos de R$ 3 mil. Se for uma premiada, então, o preço aumentará bem mais – diz o diretor administrativo da ABCCL, Jairo Roberto Duarte, lembrando que, por monta natural, realizada no verão, um único touro consegue reproduzir com até 40 fêmeas.

Por inseminação artificial, este número multiplica-se por várias vezes.

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