O diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle, diz que as plantas gaúchas estão abatendo em torno de 100 mil cabeças por mês e, para atender a demanda interna, precisam adquirir de outras regiões pelo menos 40 mil cabeças ? o que equivale a um volume médio mensal de 10 mil toneladas de carne. Segundo ele, o normal para a época seria buscar em Estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás algo entre 20% e 25% da carne vendida pelos frigoríficos, mas a baixa oferta de animais no Rio Grande do Sul eleva o percentual, hoje, para quase 30%.
Esse número só não é maior pelo aumento do abate de vacas, situação considerada preocupante por ser associada à necessidade do pecuarista fazer caixa de forma rápida e ter como consequência, a médio e longo prazos, a redução da disponibilidade de terneiros. A venda para indústrias de matrizes aptas à reprodução, aliada à exportação de gado em pé para o Oriente Médio, compromete ainda mais a oferta futura de matéria-prima.
? A indústria prefere abater os animais do Rio Grande do Sul pela qualidade da carne. Mas escasseou a oferta ? justifica o dirigente.
Para o presidente do Sindicato Rural de São Gabriel, Tarso Teixeira, o quadro de oferta e demanda não se refletiu nos preços. Teixeira entende que o valor justo para o quilo vivo do boi gordo deveria estar próximo dos R$ 3.
? O preço do boi gordo está subindo, e o do boi magro caindo. Os frigoríficos estão desesperados atrás de boi gordo e não tem quem compre o boi magro ? diz o presidente do Sindicato dos Leiloeiros do Estado, Jarbas Knorr.
A previsão é de que a recuperação do campo nativo e das pastagens cultivadas ocorra apenas na primavera.
Para o consumidor, o cenário por enquanto não teve reflexo no preço garante o presidente da Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo. Conforme Longo, o preço da carne com osso sobe por efeito sazonal no inverno devido ao aumento do consumo.