O produtor rural Delair Zanin, por exemplo, confirma o que já era esperado. O maior investimento em adubação nesta safra aumentou significativamente a produtividade do campo. Ele já colheu parte da área de 550 hectares de milho safrinha e a produção média está em 80 sacas por hectare, 30 a mais que na safra de inverno do ano passado.
No entanto, ele reconhece que é cedo para comemorar, pois ainda falta colher a plantação que foi cultivada mais tarde e que sofreu com a estiagem prolongada. Foram quase 50 dias se chuva na região, o que comprometeu o desempenho da lavoura. Zanin afirma que os 200 hectares que sofreram com a seca devem produzir cerca de 40% a menos que a área que já foi colhida.
Além da seca, a geada que atingiu lavouras na região sul do Estado em junho foi outro fator que provocou queda na produtividade das plantações que, segundo a Conab, devem ficar em aproximadamente 3,2 mil kg por hectare, cerca de 8% a menos do que a previsão inicial.
Com a redução, Mato Grosso do Sul deve deixar de produzir 260 mil toneladas do grão, o equivalente a R$ 69 milhões se for levado em conta o atual preço da saca de 60kg no Estado, de cerca de R$ 16. A cotação do milho preocupa o setor. Depois de se manter acima dos R$ 20 nos últimos meses, o valor despencou, o que deve trazer reflexos para a próxima safra.
O vice-presidente da Bolsa Brasileira de Mercadorias, Carlos Eduardo Dupas, até era esperada uma queda, mas não tão acentuada. Ele diz que isso, somado aos altos custos de produção, poderão resultar em queda de tecnologia ou de área plantada na próxima safra.
Se os especialistas já prevêem dificuldades, quem está no campo alerta. O futuro da atividade é definido na ponta do lápis. O produtor Delair Zanin diz que pensava em plantar milho na safra de verão, mas que, com estes preços, não irá cultivá-lo. Também comenta que vai pensar muito antes de plantar a próxima safrinha, pois fará as contas para checar se o investimento será ou não viável, já que plantar para vender a saca a R$ 15 ou R$ 16 não compensa.