Governador de MS quer ajuda federal para conter ocupações e bloqueio de estradas por índios

Famasul alega que há ao menos 60 áreas não homologadas como terras indígenas que vêm sendo ocupadasO governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), viaja a Brasília (DF) nesta quinta, dia 17, com a finalidade de conquistar o apoio do governo federal para conter as ocupações de fazendas na região oeste do Estado e o bloqueio de estradas na região Sul por índios kadiwéu e guarani.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) alega que há ao menos 60 áreas não homologadas como terras indígenas que vêm sendo ocupadas por índios de diversas etnias em todo o Estado, desde o dia 27 passado.

Segundo a assessoria do governo estadual, Puccinelli vai reunir-se com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho; e com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Parte dos problemas está relacionada ao julgamento da ação cível ordinária 368-7 pelo Supremo Tribunal Federal, que define os limites das terras kadiwéu. A ação foi ajuizada em 1987 por pecuaristas que afirmam que suas terras estão fora da área, reconhecida em 1903. Procuradores da República e representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), contudo, garantem que os 155 mil hectares disputados são território indígena.

Qualquer que seja o ponto de vista, promotores, índios e fazendeiros acreditam que apenas o resultado do julgamento da ação pode ajudar a pôr fim à disputa, que levou os índios kadiwéu a ocuparem ao menos 12 fazendas na região de Corumbá, a 430 quilômetros de Campo Grande. Segundo procuradores da República, a estratégia iniciada pelos índios é uma forma de sensibilizar o STF para a urgência do julgamento.

Na semana passada, Puccinelli enviou ao ministro da Justiça ofício lembrando as limitações legais que impedem o governo estadual de atuar no interior de terras indígenas sem a autorização da Funai. No ofício, o governador pede que o ministério aja imediatamente para restabelecer a lei e a ordem no Estado.

Também na semana passada, o governador afirmou que não negociaria com as lideranças kaiowá-guarani enquanto o tráfego de veículos na rodovia MS-156, entre Dourados e Itaporã, não fosse liberado. Os índios exigem que o estado realiza melhorias e assuma a manutenção das estradas vicinais que cortam as áreas indígenas. No entanto, de acordo com a assessoria do governo sul-mato-grossense, o trabalho só pode ser feito com autorização federal.

Ainda segundo a assessoria do governo estadual, Puccinelli manifestou-se favoravelmente ao emprego de tropas da Força Nacional na contenção ou retirada dos índios das fazendas ocupadas na região de Corumbá até que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue a ação cível ordinária 368-7.