Governo avalia que tripanossomose em MG não representa emergência

Segundo IMA, 300 mortes de bovinos foram causadas pela enfermidadeO diretor do Departamento de Sanidade Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, avaliou que os casos de tripanossomose bovina que estão sendo registrados em Minas Gerais não caracterizam uma situação de emergência.

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– O Ministério e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) estão atentos às ocorrências e, pelos números, ainda não representam uma situação de emergência. Parece que a maioria dos casos vem de práticas que precisam ser debeladas – diz Marques ao Estadão Conteúdo nesta quarta, 15, após encontro com o setor de produção de suínos, que se reuniu em Belo Horizonte para debater a peste clássica.

Conforme o diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, até o momento, foram informadas a morte de 300 animais, por causa do mal, nas regiões do Triângulo Mineiro e centro-oeste do Estado. Já números não oficiais levantados pela Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) apontavam que nas últimas semanas de setembro, 500 cabeças de gado foram mortas pela enfermidade.

A doença é causada por um protozoário (Trypanosoma vivax), não afeta os humanos e nos animais acarreta em perda de peso, fraqueza e podendo levar à morte. Em Minas Gerais, a doença tem atacado, em sua maioria, vacas leiteiras. O que se observa, porém, é que o principal agente causador seria a reutilização de seringas e agulhas. Produtores têm utilizado os mesmos materiais em vários animais para a aplicação de ocitocina, hormônio que estimula a produção de leite, contribuindo para a disseminação do protozoário em animais sadios.

– Temos de fazer um trabalho educativo, para que não se utilize novamente a agulha. Não podemos perder animais por práticas erradas – declara Rodrigues Neto, do IMA.

O diretor-geral do instituto informou que não houve reclamação de compradores – internos e externos – de animais do Estado. Ele considera que os casos não são impeditivos para continuidade de crescimento da cadeia mineira.

Importação de remédios

O setor mineiro defende que o Ministério da Agricultura facilite a importação do medicamento (cloridrato de isometamidium), que não é produzido no Brasil, mas que ajuda no controle da doença. Hoje, há apenas um remédio licenciado no país contra a tripanossomose. A Faemg, o IMA e outros órgãos do Estado, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), estão trabalhando no mapeamento da doença para terem as informações mais apuradas, até para facilitar na justificativa de se liberar a licença do medicamento importado.

O governo, porém, ainda está reticente sobre esse assunto.

– Não dá para ser irresponsável, liberar o registro do medicamento, sem provar se ele é realmente eficaz. A não ser que, se houvesse uma situação de emergência, o que acreditamos que não é o caso. Estamos acompanhando a situação para melhor intervir no processo. Temos de agir com cautela e saber o momento e soluções corretas para eliminar a doença – comenta Marques.

Agência Estado