O diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, apresentou aos diplomatas o relato sobre a confirmação da presença da proteína responsável pela Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida com doença da vaca louca, em uma matriz que teve morte súbita em dezembro de 2010, sem apresentar sintomas da enfermidade.
No encontro, Marques relatou que o serviço brasileiro de defesa agropecuária atua conforme as exigências das normas internacionais de saúde animal e está capacitado para responder ao desafio que a questão sanitária exige. O Ministério da Agricultura informou que os diplomatas “gostaram da transparência e franqueza”.
Entre os representantes dos 25 nações que participaram do encontro, estavam diplomatas de países que suspenderam as importações de carne bovina por temores em relação ao caso da vaca louca, como China, Coreia do Sul e Japão, além de representantes de importantes países importadores carne bovina brasileira, como Rússia, Estados Unidos, Austrália, Argentina e Indonésia.
O setor produtivo vê com bons olhos as ações do Ministério do Agricultura em levar para os países compradores esclarecimento sobre o caso. O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), José Mario Schreiner, acredita que a postura pode ajudar a reverter os embargos.
– Os seis países [que suspenderam a importação] representam 5% das exportações do Brasil. Algo em torno de US$ 250 milhões por ano. É claro que todas essas medidas estão sendo tomadas. A própria CNA tem tomado um posicionamento muito importante, realizando webconferências internacionais, levando a situação às embaixadas, aos adidos agrícolas, para tomarem conhecimento do que está ocorrendo – afirmou.
O professor de relações internacionais Creomar Souza observa que os países compradores aproveitaram a oportunidade para fechar o mercado mesmo sem fundamento técnico.
– A carne brasileira é muito competitiva mundo a fora. Uma carne excelente, de qualidade, feita em grande quantidade com preço baixo. Isso pode afetar determinados setores produtivos nesses países. Como eles simplesmente não podem se utilizar de uma restrição do ponto de vista comercial, que iria contra as regras da Organização Mundial do Comércio, eles apelam para medidas fitossanitárias – alega.
Já o economista Newton Marques alerta para o risco de outros países fecharem as portas para a carne brasileira.
– Você imagina que o país ou os países que proíbem a entrada da carne começam a dissipar, disseminar essas informações, que são ruins, porque o mercado é globalizado. Bom, a partir daí, as importações começam a cair – opina.
A consequência de restrições às importações seria o excesso de produto no mercado interno e uma possível queda nos preços.