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Governo espera que europeus reconheçam nova rastreabilidade

Técnicos da UE devem chegar no início de janeiro para visitar fazendasOs pecuaristas brasileiros aguardam a visita de uma nova missão européia ao Brasil, no início de janeiro. O objetivo é conferir o novo sistema de rastreabilidade bovina. O Ministério da Agricultura acredita que o trabalho brasileiro será reconhecido, mas admite que para 2009 ainda há muitos desafios. A equipe do Canal Rural conversou com o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, sobre os problemas enfrentados em 2008 e os desafios o ano que vem.

Este ano foi de turbulências para o mercado de carnes. Logo em janeiro, a União Européia embargou o comércio com o Brasil e estabeleceu critérios mais rigorosos de rastreabilidade, exigência que fez cair o número de propriedades brasileiras habilitadas a exportar para o bloco. Em 2006 eram quase 15 mil. Depois da nova regra, a lista encolheu para cerca de 300. Os reflexos nas vendas foram visíveis.

Entre abril e novembro de 2006, quando o comércio com os europeus estava normalizado, o Brasil exportou 234 mil toneladas de carne in natura para o bloco. Já em 2007, no mesmo período, as vendas caíram para 135 mil. E, em 2008, as exportações nesses oito meses não chegaram a 10 mil toneladas.

Kroetz afirma que o governo se esforçou durante o ano para implantar um sistema de rastreabilidade que atendesse às exigências européias. E, para ele, os resultados são positivos. O número de estabelecimentos rurais aprovados pelo Sistema Brasileiro de identificação Bovina e Bubalina (Sisbov) passou para 733. Agora, são cerca de 130 milhões de animais dentro da área habilitada. Além disso, a União Européia suspendeu o embargo aos Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, além de 287 municípios de Minas Gerais. Isso sem contar com a ampliação da área habilitada, que passa a contar com o norte e a outra metade de Mato Grosso. A expectativa agora é que, com a vinda da missão européia, sejam aprovadas as modificações brasileiras.

? A estrutura foi montada e aperfeiçoada. Contou com a capacitação de pessoas, tanto em nível federal como estadual. Os treinamentos abrangeram também as certificadoras. Nós temos hoje uma capacidade de realização de auditorias nas propriedades ? diz o secretário.

Ele conta que esperava que o número de estabelecimentos rurais cadastrados aprovados chegasse a mil neste ano, mas explica que o interesse dos fazendeiros em aderir ao sistema diminuiu nos últimos meses. Segundo Kroetz, os frigoríficos reduziram o prêmio pago aos produtores que criam animais habilitados, um dos únicos estímulos aos pecuaristas. No primeiro semestre, o ágio chegava a 20%. Hoje, segundo o secretário, ele varia entre 2% e 4%, sendo que algumas regiões não registram mais os prêmios.

? Um dos desafios da Secretaria de Defesa Agropecuária para 2009 será a abertura de novos mercados para as carnes brasileiras, uma forma de amenizar os efeitos da crise financeira no setor. O governo quer, primeiramente, consolidar o comércio com a União Européia. Espera ainda ampliar as negociações com a China e também conquistar mercados como Coréia do Sul, África do Sul, Filipinas e Japão ? conta Kroetz.

Com a recessão mundial e a redução das vendas externas, a pressão pela conquista de novos mercados aumenta. Kroetz confirma que já existe um trabalho para estreitar o comércio com outros países. Hoje o Brasil exporta para 180 nações. Mas o número pode aumentar. O governo aguarda o relatório do Chile, em relação à carne bovina, e da China, sobre suínos.

Dependendo do resultado, o mercado brasileiro poderá ter boas notícias em 2009. Além disso, o início do ano reserva surpresas para a pecuária. Estão confirmadas quatro missões ao Brasil: da União Européia, das Filipinas, do Japão e da Jamaica. Isso sem contar com as negociações com a Coréia do Sul, que deve implantar ainda este ano no país um sistema de rastreabilidade semelhante ao europeu.

Mas o secretário enfatiza que a meta para o próximo ano é ainda mais ousada.

? Em todo país temos uma estrutura de defesa implantada com capacidade alta de gerenciamento de risco, tanto na área animal como na vegetal. Isso para que possamos ter no máximo em 2010 o país reconhecido como livre de febre aftosa e buscar, a partir de então, um reconhecimento internacional.

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