Conforme o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs), Ronei Lauxen, a venda de animais vivos para serem terminados e abatidos no centro do país é um comércio que traz prejuízos para o setor frigorífico, bem como para o governo gaúcho, uma vez que não há contribuição com taxas ou impostos.
– Essa preocupação não é só da indústria da carne, mas sim de toda a cadeia. Precisamos de uma medida que dificulte a exportação e, assim, mantenha aqui a nossa matéria-prima, a qual já é bastante escassa. Esse fator vem impedindo o crescimento de um setor que tem pretensões de se qualificar e buscar novos mercados – destacou Ronei.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor Müller, defende que o beneficiamento da carne seja realizado dentro do Estado, para assim ser agregado o máximo de valor nos produtos para a exportação, resultando em preços mais elevados e, consequentemente, aumentando a geração de empregos e o acúmulo de renda.
– Entendemos que esta é uma questão complicada, a exportação do gado em pé é uma preocupação legítima, mas existem interesses de ambos os lados. Temos um mercado livre e que é legalizado, mas por outro lado, precisamos notar que estamos sendo desindustrializados e passar a preservar a nossa matéria-prima – comentou Müller.
Segundo o presidente da Federação de Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (FTIA-RS), Cairo Reinhardt, nos últimos anos houve a redução de 1,5 mil postos de trabalho, um reflexo da baixa produção e da exportação de animais vivos.
– O impacto é muito alto na cadeia produtiva, o que está sendo exportado é o que temos de melhor. Precisamos nos perguntar sobre o que está ficando de valor agregado e de lucro para o Estado se a melhor carne está sendo enviada para beneficiamento fora daqui – ressaltou.
Após ouvir as manifestações, Mainardi afirmou que, em função do conflito de interesses, este é um problema de difícil solução.
– O primeiro problema é saber até onde cabe ao Estado interferir, possibilitando que a pecuária, assim como os demais elos desta cadeia produtiva, consiga dar um grande salto econômico – disse.
A sugestão do presidente do Sicadergs para inibir esse comércio, no curto prazo, é a cobrança de uma taxa na emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) para exportação.
– Esse é um artifício de sobrevivência, mas não é a solução definitiva. O que precisamos mesmo é de produção de qualidade para o abastecimento da indústria – afirmou Lauxen.
Os representantes do Sicadergs, da Fetag, da FTIA-RS, da Fiergs, além da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), da Associação das Indústrias de Curtume do RS (AICSul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), reivindicam o estabelecimento de barreiras que impeçam ou diminuam a movimentação do gado em pé.