Governo tem reação esperada a embargo da Ucrânia, avalia Abipecs

Entidade também acredita que nada justifica o embargo total de um país por questões sanitáriasO presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, afirmou que a reação do governo ao embargo ucraniano à carne suína brasileira ficou em linha com a expectativa do setor. O executivo informou que pediu ao ministro da Agricultura, Antônio Andrade, que fosse enviada à Kiev, capital da Ucrânia, com urgência, uma missão veterinária brasileira para resolver a situação.

– O ministério está preparando a missão, enviou a solicitação de encontro para a Ucrânia e só falta o país responder com a data – informou Camargo Neto a jornalistas, no encontro com o ex-embaixador do Brasil em Pequim, Clodoaldo Hugueney, promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China, na sede da BRF.

Na quarta, dia 20, o país determinou o embargo de carnes in natura possivelmente contaminadas por uma bactéria chamada Listeria. O problema teria sido detectado em plantas frigoríficas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Questionado se a Rússia poderia estar influenciando a decisão da Ucrânia, Camargo Neto disse que “ouviu boatos”, mas não poderia afirmar “o que realmente ocorre”, referindo-se a rumores de que os russos estariam pressionando contra a entrada de carne brasileira em seu território via Ucrânia.

Para o diretor de Mercado Externo da Abipecs, Rui Eduardo Saldanha Vargas, nada justifica o embargo total de um país por questões sanitárias.

– O que ocorre normalmente é restrições das unidades de origem dos lotes ou um pedido de uma explicação. O que ocorreu agora é muito estranho – comentou.

O vice-presidente de Assuntos Corporativos da empresa de alimentos BRF, Wilson de Mello Neto, declarou que o maior problema do episódio com a Ucrânia é que, enquanto não for resolvido, a oferta de carne suína no mercado interno vai aumentar e a remuneração do produtor e da indústria pode ficar prejudicada.

– Para nós, não há impacto muito grande, pois nossas exportações para o país fazemos via Rússia – afirmou.

Em 2012, a Ucrânia passou a Rússia como maior mercado da carne suína brasileira em volume, com participação de 23,85% (138,666 mil toneladas) ante fatia de 21,85% da Rússia (127,070 mil toneladas).

A Rússia, porém, liderou como principal destino, em termos de receita no ano passado, com uma representatividade de 24,56% e receita de US$ 367,123 milhões ante US$ 358,889 milhões da Ucrânia, porcentual de 24,01%. Em 2010 e 2011, a Ucrânia era o terceiro maior mercado da carne suína brasileira, em receita e em volume, mesmo com o embargo imposto pela Rússia em junho de 2011.

Agência Estado