Em um frigorífico de Morro Reuter, 21 mil frangos eram abatidos por dia. Esta semana, a direção diminuiu os abates para 18 mil. Foi a primeira medida tomada para tirar as contas do vermelho.
O Rio Grande do Sul já foi o maior produtor de frangos do país. Na última década, perdeu o primeiro lugar para o Paraná e, hoje, ocupa a quarta posição. Segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), foram anos e anos de perdas acumuladas. Enquanto outros Estados reduziam a carga de ICMS para zero, os gaúchos pagavam 7%.
? Os números mostram para a gente que nós perdemos espaço em função da guerra fiscal. 7% é muito. As empresas trabalham com 4, 5% de margem, quando tem margem. Então, nós estamos falando de um diferencial produtivo de 7% na carga tributária . É impossível competir com esses outros produtores. Então, veja que nós não somos competitivos na porta da nossa casa e eles são competitivos a mil, até 2 mil quilômetros longe ? disse Nestor Freinberger, presidente da Asgav.
No ano passado, o governo gaúcho concedeu um benefício fiscal aos abatedouros de aves. Reduziu de 7% para 3% o imposto para a venda interna de carne. O chamado crédito presumido chegou ao fim esta semana e deve ser prorrogado, pelo menos até dezembro. Mas, de acordo com a Secretaria da Fazenda, não existe chance de zerar a cobrança.
? Se nós trabalharmos com a perspectiva de demandas setoriais que zerem a tributação no Estado, ele deixa de ter fontes para o seu funcionamento e para prover os seus serviços de saúde, de segurança, de educação. Nós precisamos ter parcimônia quando a gente trata dessas questões. Queremos preservar a competitividade da produção gaúcha, mas por outro lado nós temos a responsabilidade de manter a receita do Estado para atender as demandas sociais ? observou André Paiva Filho, secretário adjunto da Secretaria da Fazenda do RS.