Segundo informou o secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, trata-se de uma doença clínica e epidemiologicamente distinta da variante chamada de doença da vaca louca. De acordo com informações do médico neurologista José Claret Silva Abreu, da Secretaria de Saúde de Campinas e do Hospital Beneficência Portuguesa, a hipótese provável é a de que o paciente esteja com a doença priônica.
? É uma mutação tardia que leva à alteração da estrutura de uma proteína. Acomete, na maioria dos casos, pessoas com mais de 50 anos e manifesta-se inicialmente com demência ? disse o médico.
A enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, informou que a DCJ na forma clássica é de baixa prevalência. A incidência média é de um caso da doença a cada 1 milhão de habitantes por ano.
? Esta doença não é contagiosa e não se transmite no convívio cotidiano ? disse Brigina.
A médica veterinária Andréa von Zuben, da Vigilância em Saúde de Campinas, afirmou que no Brasil não há, nem nunca houve, transmissão do mal da vaca louca em bovinos ou humanos. A transmissão da doença da vaca louca para o homem ocorre quando há ingestão de carne ou tecido de origem animal infectados. Segundo a profissional de saúde, no mundo houve registro de pouco mais de 200 casos em humanos, nenhum com vínculo epidemiológico no Brasil.
Indústria exportadora de carne
Além da manifestação de alguns frigoríficos ? negando que tenha havido algum caso do mal da vaca louca no Brasil ? a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também afirmou que não há casos da doença no país e, dificilmente, a doença seria detectada, tendo em vista o rigoroso padrão adotado na produção nacional.
O presidente da entidade, Antonio Jorge Camardelli, comentou a suspeita da doença, notifica em 12 de novembro, em paciente internado na Beneficência Portuguesa, em Campinas.
? O Brasil nunca teve e dificilmente terá casos de vaca louca. Isso porque existe um controle extremamente rígido tanto na produção de carne quanto no risco e diagnóstico da doença ? afirmou o executivo.
Camardelli ressaltou que o governo brasileiro tem um sistema de fiscalização “profissional e estruturado” para evitar o surgimento da doença no país. A inserção de ração para bovinos com ingredientes de origem animal, principal fonte de transmissão da EBB, é proibida pela Instrução Normativa nº 08/2004, do Ministério, e pela Lei Estadual nº 3.823/09. E, desde 2006, o ministério proibiu o uso da proteína e da farinha de carne e ossos proveniente de ruminantes na alimentação desses animais como forma de evitar a aparição da doença.
? Nos frigoríficos com inspeção federal, associados à Abiec, existe a obrigatoriedade da destruição de material de risco. Inclusive a destruição é controlada, pois tem que seguir regras do trinômio: temperatura, tempo e pressão ? explica o presidente da entidade.