Iapar estuda produção de leite de búfala no sistema orgânico

Paraná pretende disponibilizar conhecimentos para que produtores se beneficiem de um novo nicho de mercadoO Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que há 25 anos vem estudando a bubalinocultura convencional como opção para os criadores do Estado, pretende disponibilizar conhecimentos para que produtores se beneficiem de um novo nicho de mercado, o de consumidores de alimentos de origem animal orgânicos.

Segundo o pesquisador José Lino Martinez, em grandes centros consumidores, como Curitiba e outras capitais do Sul e Sudeste, há crescente interesse por derivados fabricados a partir de leite de bubalinos. Entre outros itens, Martinez cita muçarela, iogurte e ricotas, mas informa que apesar do aumento do consumo desses itens ainda há falta de informações sobre o processo produtivo. 

O projeto é conduzido na Estação Experimental da Lapa e ocupa 25 hectares de uma propriedade com cerca de 138 hectares, mantida em parceria com o município. As atividades estão voltadas para adaptação, desenvolvimento e integração de tecnologias para búfalos, seguindo a conceituação estabelecida como agricultura agroecológica, em que se contemplam fatores ligados ao solo, plantas e animais, além dos aspectos socioeconômicos. Toda a atividade é certificada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), órgão credenciado pelo Ministério da Agricultura para monitorar produtos orgânicos.

Leite de búfala

Sobre o leite de búfalas, o pesquisador afirma ser diferente do leite de vaca, apresentando variações consideráveis nos teores de proteína, gordura e lactose, que afetam características de corpo, sabor e textura. O rendimento queijeiro é maior devido ao elevado teor proteico (3,5 a 5%) e de gordura (5 a 8,5%). Desta forma, a destinação que deve ser dada a esta matéria-prima é a produção de derivados. O leite de búfala possui sabor mais adocicado evidenciado pelo maior teor de lactose. É mais rico em cálcio e fósforo e possui menor teor de colesterol, sódio e potássio.

Uma das comprovações mais favoráveis do leite de búfala, em relação ao leite da vaca, é a indicação do dobro da quantidade de ácido linoléico conjugado, uma substância anticancerígena que atua também sobre os efeitos secundários da obesidade, da arteriosclerose e da diabetes.

Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos “há um mercado potencial que não é explorado, gerando inclusive a adulteração do produto com leite de bovino para atender à demanda do mercado por derivados produzidos com leite de búfalas”. O leite de vaca é vendido como sendo de búfala, prática fraudulenta de adulteração gerada pela ausência do leite bubalino. No momento, a produção de leite de búfala é vista com bom potencial de mercado e, possivelmente, a matéria-prima produzida de forma agroecológica apresentará uma grande demanda, afirma Martinez.

Produção no Paraná

O número de produtores (de leite de bubalino produzido de forma convencional) no Paraná é pequeno e, consequentemente, a escala de produção é baixa. Desta forma os produtores recebem um valor pouco superior ao leite de bovinos.

– O sucesso do empreendimento dependerá da organização dos produtores para a comercialização, por exemplo, em cooperativas, para que obtenham o preço justo por um produto diferenciado que será transformado em laticínios (derivados) de alta qualidade – explica o pesquisador do Iapar.

Ele lembra que na Itália os produtores de leite búfala, mesmo o leite convencional, chegam a receber três vezes o preço praticado para leite de bovino.