Segundo o Fundecitrus, o crescimento já era esperado e ocorre após o governo paulista, em junho de 2009, atenuar a legislação de controle da doença. Desde 1999, era obrigatória a erradicação de todas as árvores com cancro em um raio de 30 metros de distância de uma contaminada e ainda de todo um talhão, com cerca de duas mil árvores, caso o índice de contaminação chegasse a 0,5%. Por pressão dos citricultores, em 2009 a Secretaria da Agricultura de São Paulo revogou a determinação referente aos talhões.
Em seis meses após a mudança da lei, o número de casos novos de cancro cítrico cresceu quase 80% se comparado ao primeiro semestre de 2009 – saiu de 100 para 179. No atual levantamento, em todo o ano de 2010 foram 489 novos casos em 29 talhões. Foram vistoriadas 11 milhões de plantas no levantamento amostral das cerca de 165 milhões de árvores do parque citrícola.
De acordo com a entidade, a região mais afetada do parque citrícola paulista, o maior do planeta, é a noroeste, onde a incidência disparou de 0,87% para 2,55% entre 2009 e 2010. Na região norte, que não tinha casos de cancro em 2009, o índice foi de 0,23% no ano passado. Já na região central, a incidência avançou de 0,11% para 0,41% e na sul saltou de 0,03% para 0,07%. Apenas na região oeste os casos de cancro caíram: de 0,29% para 0,22% entre os períodos.
Em 1999, após o primeiro levantamento apontar incidência de 0,70% de cancro nos pomares, a legislação contra a doença passou a ser mais rígida, e o índice despencou para 0,27% em 2000. Desde então, até 2009, o índice variou de 0,10% a 0,22%, mas voltou a disparar em 2010.
Para o Fundecitrus, com a falta de rigor na legislação, o produtor precisa intensificar as medidas de controle do cancro, especialmente no período de chuvas, já que o clima quente e úmido favorece a proliferação da bactéria Xanthomonas citri, causadora da doença. A Secretaria de Agricultura foi procurada para comentar o avanço da doença após a diminuição da rigidez da lei, mas ainda não se manifestou.
Sintomas e prevenção
O cancro cítrico está presente no Brasil desde 1957 e ataca todas as variedades cítricas. Nas folhas e nos frutos, os sintomas são o aparecimento de pequenas manchas amarelas circulares, que se tornam marrons com o avanço da doença. As manchas nos frutos são salientes e nos ramos é possível identificar lesões pardas em forma de crostas.
A transmissão da bactéria ocorre pela chuva, material de colheita, trânsito de veículos e máquinas agrícolas e pelo próprio colhedor. Desinfecção do material de colheita, pulverização de veículos antes de entrar na propriedade e a queima de restos de colheitas, como folhas, galhos e frutos, são medidas recomendadas para manter a propriedade livre do cancro cítrico.