O produtor rural Gilmar Antonello Bellini, que tem uma fazenda em Sinop (MT), encontrou plantas com poucas vantagens e com folhas enrugadas e mais escuras que as normais. São os sintomas da soja louca II. Na safra passada, a anomalia atingiu 100 dos 500 hectares cultivados por Bellini. Em 2011, o ataque diminuiu, mas não tranquilizou o agricultor.
? Este ano, está mais localizado. No ano passado, atingiu uma área muito grande, 20% do total que plantei. Se repetir uma incidência numa área deste tamanho, o prejuízo será imenso. A preocupação é grande ? confessa Bellini.
A região de Sinop, que fica a 480 quilômetros de Cuiabá, registrou diversos casos de soja louca II na última safra, o que deixou produtores apreensivos.
? A incidência aqui na região diminuiu nesta safra, mas ainda estamos muito apreensivos porque os prejuízos nas áreas atingidas foram grandes na safra passada. Continuamos em alerta… ? afirma o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan.
Causa do problema não foi encontrada
Assim como os agricultores, os especialistas também estão preocupados. Desde a última safra, intensificaram as pesquisas sobre a anomalia. Por enquanto, a causa do problema ainda não foi encontrada, mas algumas hipóteses já foram descartadas. Entre elas, a de que o distúrbio seria provocado por um inseto, conhecido como ácaro preto.
? No ano passado, fizeram muitas associações com este ácaro. Agora observamos que muitas plantas doentes tinham o ácaro, mas ele também estava nas sadias.
Então, estamos descartando esta hipótese ? diz o entomologista da Embrapa Soja Edson Hirose.
Os especialistas também já sabem que a soja louca II atinge tanto plantas convencionais quanto transgênicas. Além disso, nas regiões mais quentes, aumenta a possibilidade do ataque e das perdas serem mais significativas.
? O manejo da entressafra das plantas daninhas é importante, e ele tem alguma correlação. Com a presença de chuva na entressafra para que comecemos a safra com menos plantas daninhas, parece que estamos diminuindo o problema… ? explica o fitopatologista da Embrapa Soja Maurício Meyer.
Mesmo com a menor incidência nesta safra, o alerta continua. Por enquanto, não há recomendações para os produtores. Mas eles podem contribuir, e muito, para o desenvolvimento da pesquisa.
? Não existe nenhuma orientação, nenhuma medida de controle. Por não conhecer a causa, não há o que fazer. Só pedimos para que os agricultores comuniquem o grupo que está trabalhando para que a gente possa monitorar estas áreas e ver o histórico de como está ocorrendo. Assim, tentar entender o processo que desencadeia a soja louca II ? completa Meyer.