Indústria de Alimentos Nilza deve voltar a produzir leite um ano após ter falência decretada

Em janeiro do ano passado, juiz Ribeirão Preto (SP) decretou falência da empresa após apontar fraude no processo de recuperação judicialA Indústria de Alimentos Nilza deve voltar a processar e produzir leite longa vida até o fim de janeiro, exatamente um ano após ter a falência decretada pelo juiz da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto (SP), Héber Mendes Batista, e há quase dois anos sem operar. O início das operações depende apenas de uma licença da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), já que as obras de infraestrutura - como limpeza de tanques e da linha de produção - foram feitas pela Airex Trading, que comprou a

– A previsão é que a licença saia até o fim da próxima semana para que possamos retomar a produção, com um processamento de 100 mil litros de leite por dia – disse o advogado e empresário Sérgio Alambert, proprietário da Airex. O retorno das operações deve ocorrer com o processo de julgamento da falência da Nilza ainda inconclusivo.

No dia 25 de janeiro do ano passado, o juiz da cidade do interior paulista decretou a falência da Nilza após apontar fraude no processo de recuperação judicial. Escutas telefônicas do Ministério Público mostraram o pagamento a credores para votarem favoravelmente à venda da empresa à Airex. A decisão foi revertida em 31 de maio do ano passado pela Câmara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP).

O Ministério Público do Estado de São Paulo recorreu da decisão do TJ-SP, teve o pedido negado, mas entrou com um recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O recurso deve demorar até três anos para ser julgado, segundo advogados que acompanham o caso.

Alambert decidiu não esperar a decisão final e contratou, desde o fim de 2011, 50 funcionários para limpar e reativar a unidade de Ribeirão Preto, parada desde o início de 2010. Outros 100 empregados devem voltar a trabalhar na Nilza para retomar o processamento e a produção de leite longa vida na cidade paulista. O leite deve vir de dois grandes produtores e será pago à vista, estratégia que garantirá, segundo Alambert, a retomada de uma rede de fornecedores.

– Após 60 dias, queremos ampliar a produção para 250 mil litros de leite por dia e atingir 400 mil litros por dia até o fim de 2012. O volume é pouco, mas queremos vender menos leite com margem maior, para evitar os problemas anteriores, quando a produção alta e a margem pequena levaram a empresa a enfrentar essa crise – disse Alambert. A unidade de Itamonte (MG) deve voltar a produzir em dois meses e a de Campo Belo segue arrendada até 2016.

Renegociação

Independentemente da decisão do STJ, a Airex deve voltar a renegociar com os credores da Nilza para tentar quitar a dívida sujeita à recuperação judicial estimada em R$ 450 milhões. Segundo Alambert, a Airex deve propor aos credores a compra da dívida da Nilza por um deságio que pode chegar a 90%. A ação já foi feita em outros processos de recuperação judicial, como o Grupo Arantes.

– Acredito que os bancos credores se interessariam em vender, porque essa dívida já foi incluída como prejuízo nos balanços deles – concluiu o proprietário da Airex.

Durante o plano de recuperação judicial, a Airex adquiriu 65% do capital acionário da Nilza controlados pelo empresário Adhemar de Barros Neto. Os 35% restantes ainda estão sob o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).