– A previsão é que a licença saia até o fim da próxima semana para que possamos retomar a produção, com um processamento de 100 mil litros de leite por dia – disse o advogado e empresário Sérgio Alambert, proprietário da Airex. O retorno das operações deve ocorrer com o processo de julgamento da falência da Nilza ainda inconclusivo.
No dia 25 de janeiro do ano passado, o juiz da cidade do interior paulista decretou a falência da Nilza após apontar fraude no processo de recuperação judicial. Escutas telefônicas do Ministério Público mostraram o pagamento a credores para votarem favoravelmente à venda da empresa à Airex. A decisão foi revertida em 31 de maio do ano passado pela Câmara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP).
O Ministério Público do Estado de São Paulo recorreu da decisão do TJ-SP, teve o pedido negado, mas entrou com um recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O recurso deve demorar até três anos para ser julgado, segundo advogados que acompanham o caso.
Alambert decidiu não esperar a decisão final e contratou, desde o fim de 2011, 50 funcionários para limpar e reativar a unidade de Ribeirão Preto, parada desde o início de 2010. Outros 100 empregados devem voltar a trabalhar na Nilza para retomar o processamento e a produção de leite longa vida na cidade paulista. O leite deve vir de dois grandes produtores e será pago à vista, estratégia que garantirá, segundo Alambert, a retomada de uma rede de fornecedores.
– Após 60 dias, queremos ampliar a produção para 250 mil litros de leite por dia e atingir 400 mil litros por dia até o fim de 2012. O volume é pouco, mas queremos vender menos leite com margem maior, para evitar os problemas anteriores, quando a produção alta e a margem pequena levaram a empresa a enfrentar essa crise – disse Alambert. A unidade de Itamonte (MG) deve voltar a produzir em dois meses e a de Campo Belo segue arrendada até 2016.
Renegociação
Independentemente da decisão do STJ, a Airex deve voltar a renegociar com os credores da Nilza para tentar quitar a dívida sujeita à recuperação judicial estimada em R$ 450 milhões. Segundo Alambert, a Airex deve propor aos credores a compra da dívida da Nilza por um deságio que pode chegar a 90%. A ação já foi feita em outros processos de recuperação judicial, como o Grupo Arantes.
– Acredito que os bancos credores se interessariam em vender, porque essa dívida já foi incluída como prejuízo nos balanços deles – concluiu o proprietário da Airex.
Durante o plano de recuperação judicial, a Airex adquiriu 65% do capital acionário da Nilza controlados pelo empresário Adhemar de Barros Neto. Os 35% restantes ainda estão sob o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).