Indústria brasileira de couro aposta em novos conceitos para vencer a concorrência da China

Cerca de 1,1 mil expositores de calçados brasileiros estão reunidos na feira internacional Couromoda, em São Paulo, para expor as novidades do setorAs exportações de couro do Brasil cresceram quase 2% em 2012. O desempenho no mercado interno, no entanto, não teve resultados tão positivos. A concorrência com os produtos de origem chinesa é um obstáculo que deve persistir em 2013. Contra isso, a indústria calçadista, que mais absorve a matéria-prima, começa a apostar em produtos mais sofisticados. A Couromoda, feira internacional de calçados, artefatos de couro e acessórios de moda deste ano, vai servir de termômetro para o comportamento do 

Nesta edição, três mil marcas, de 1,1 mil expositores, vindos de 13 Estados brasileiros, que representam 90% da produção nacional, estão reunidos até esta quinta, dia 17, em São Paulo.

As empresas estão apostando em novos conceitos. É o caso do empreendimento de Carlos Kray, com fábrica no Rio Grande do Sul, que produz sapatos que reúnem conforto, resistência e estética com a matéria-prima brasileira.
 
– Os clientes gostam disso, porque tem aquela mão diferente da chinesa, que é simplesmente uma coisinha igual a outra, o produto não tem vida – explica o empresário. 

Kray leva o couro brasileiro para a Ásia e lá fabrica os calçados, que são vendidos para Europa e Estados Unidos. Já o sapato vendido aqui tem produção nacional. Para  alcançar competitividade, a expectativa do dirigente é dobrar a produção e o crescimento da empresa.
 
– Nos últimos três anos, crescemos 66% e, vamos combinar que de 2008 pra cá, só tivemos tempestades: Estados Unidos e Europa com problemas econômicos. Nós queremos produzir 800 mil pares 2013 – acrescenta Kray.
 
De acordo com a organização da Couromoda, o segmento teve um avanço de 6% em 2012. O mercado interno é responsável pela compra de mais de 600 milhões de pares de calçados.

– O Brasil continua persistindo nas suas vendas e vende para mais de 150 mercados ao redor do mundo. O país busca se reposicionar para fugir da concorrência asiática. É uma concorrência por preço – explica a diretora de comunicação da Couromoda, Ana Jussara Leite

A exportação da matéria-prima teve números satisfatórios em 2012, com uma movimentação de US$ 2 bilhões. Para este ano, o setor espera manter o mesmo índice de crescimento. O que pode ser um desafio é o embargo de carnes bovinas em países como a Rússia, pois a restrição pode pressionar os preços no mercado brasileiro.

– Não se têm hoje uma quantificação do quanto essa restrição poderia representar no abate. É verdadeiro que existe um bloqueio da compra da carne que faz com que haja pelo menos dois caminhos para o frigorífico: ou ele diminui o abate ou ele coloca mais carne internamente com um preço sensível à população – aponta o diretor executivo do Sindicouros, Alberti Skliutas.

Segundo ele, os fatores que contribuíram para a exportação de couro foram a  desvalorização do real frente ao dólar e o forte trabalho realizado em conjunto com a Apex.

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