Indústria envolvida em escândalo do leite adulterado fecha no Rio Grande do Sul

Empresa responsável pela marca Latvida foi autuada diversas vezes nos últimos 10 anos por problemas de sanidadeA VRS Indústria de Laticínios Ltda, fabricante de latícinios de marcas como a Latvida, anunciou o fechamento da indústria, em Estrela, no Rio Grande do Sul. A empresa foi um dos alvos do Ministério Público do Estado na operação Leite Compen$ado, que apontou contaminação no leite produzido pelo fabricante.

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A indústria era responsável pelo processamento de cerca de 300 mil litros de leite por dia, o que corresponde a 3% da captação no Estado. Por meio de nota, os ex-sócios informam que a indústria será vendida para um grupo de empresários do Vale do Taquari, porém não confirmam se a produção de leite será mantida.

A empresa não relaciona fim da sociedade com a operação Leite Compen$ado, a justificativa do fechamento é a recuperação judicial da empresa para que possa pagar as dívidas com os credores.

Problemas recorrentes

Em maio, a VRS foi proibida pela Secretaria Estadual da Agricultura de industrializar leite UHT até que às exigências da fiscalização estadual fossem atendidas. Em junho, a Secretaria Estadual da Agricultura autorizou a empresa a retomar as suas atividades, mediante termo de compromisso, mas em nova fiscalização realizada em 21 de agosto, o laticínio foi novamente interditado. Em uma fiscalização, a Secretaria, acompanhada de policiais da Delegacia do Consumidor, constatou que a empresa estava recebendo, pasteurizando e envasando leite UHT e creme de leite no período noturno em péssimas condições de higiene.

Na semana passada, a Justiça concedeu uma limitar proposta pela Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor determinando que, para voltar a funcionar, a empresa precisava adotar mecanismos de controle da origem da matéria-prima recebida, fazer a aferição e calibração periódica de equipamentos para análise de leite, comunicar imediatamente ao órgão fiscalizador quando for constatada a impropriedade dos produtos lácteos e cadastrar os transportadores e postos de resfriamento, entre outras medidas.

A multa em caso de descumprimento da decisão foi estipulada em R$ 500 mil e a ação também pede Manhã. A ação pede, ao término, indenização a título de danos morais coletivos em valor não inferior a R$ 3 milhões. A ação, ajuizada na última quinta, dia 12, baseia-se em diversos documentos remetidos pela Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, que demonstraram que, desde o ano de 2003, a indústria vem sistematicamente sofrendo autuações.

Os motivos são diversos: produtos e água em desacordo; datas de fabricação adulteradas; produtos com adulterações (sacarose, cloro/hipoclorito), produtos refrigerados com temperatura acima da permitida; comercialização de produtos com rótulos não registrados; transporte de produtos mal-acondicionados; instalações com higienização insatisfatória; burla à fiscalização; prestação de informações inverídicas aos órgãos de fiscalização e etc.

Das cinco indústrias que tiveram constatada a presença de formol em lotes de leite UHT que chegaram ao mercado de consumo, divulgadas através da Operação Leite Compen$ado, em maio, a VRS-Latvida foi a única a se negar a firmar Termo de Ajustamento de Conduta com a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor.

A reportagem co Canal Rural esteve na indústria nesta terça, dia 17, e tentou conversar com representantes da empresa, mas não teve sucesso.

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