– Nós viemos de um crescimento muito grande e esperamos mesmo assim um aumento na casa de 4% em 2012. Nós temos observado um consumo maior das famílias e também da penetração do longa vida em regiões como o Nordeste – afirma.
Com o momento favorável ao consumo, o que preocupa a cadeia produtiva é a ampliação do custo de produção, que chega a casa de 19%. Rafael Ribeiro é analista de mercado e explica que esse custo maior está ligado, principalmente, à ração animal.
– É um fato preocupante, porque a gente tem o farelo de soja subindo bastante, o preço do caroço de algodão, o preço do farelo de algodão também bem mais caro do que estava em 2011, entre 30% e 40%. Isso que já foi um ano mais caro. Significa um estreitamento da margem para o pecuarista – aponta.
De acordo com o presidente da Associação Leite Brasil, Jorge Rubez, dos 19% de aumento nos gastos, os produtores repassaram 15% para a indústria.
– Se passar esse custo de produção ao consumidor final, existe uma tendência de diminuição do consumo. Então, a gente vive no fio da navalha. Se aumentamos, diminui o consumo. Se diminui, tem prejuízo. Na verdade, na cadeia do leite existe o produtor, a indústria e o varejo. E quem ganha pelo menos em margem são os supermercados. Tanto indústria quanto produtor estão passando por uma fase muito difícil – opina.
Para Muniz, a situação deve começar a mudar. Segundo ele, a indústria segurou os preços durante todo o ano de 2011 e até o primeiro semestre de 2012. Agora, porém, deve repassar o aumento ao varejo.
– Nós imaginávamos que fosse um período que tivesse fim com a entrada da safra. Isso contribuiu e temos em 2012 um cenário muito parecido e a rentabilidade impactada pelo preço da matéria-prima. Certamente, terá um momento em que o custo será repassado para o varejo – diz.