Em 2007, o pecuarista Marcelo Pimenta resolveu entrar num programa de qualidade da carne de uma das maiores redes de supermercado do país. Para isso, o dono da propriedade, que já se preocupava com o bem-estar animal, além das questões sociais e ambientais, teve que redobrar a atenção no uso dessas práticas.
? No meio ambiente está tendo uma preocupação muito forte nisso. Nós estamos cercando nossos cursos de água, estamos reflorestando nossas pastagens para melhorar o conforto do animal ? explica pimenta.
Neste ano, o criador deve fornecer 300 animais para serem comercializados, o triplo do ano passado. O programa teve início há pouco mais de quatro anos e, em 2007, começaram as vendas de carne.
O grupo fecha parceria diretamente com os pecuaristas, e a rede de varejo também escolhe qual frigorífico deve abater o animal. Mas para conseguir entrar no projeto, antes é feita uma auditoria na propriedade, como explica o gerente de desenvolvimento de carnes Vagner Giomo.
? O que o programa pede? Pede que a fazenda seja minimamente tecnificada, que implante um sistema de inseminação, de rastreabilidade, que cuide de seus mananciais, das suas florestas. E isso, não vai ser à toa.
Desde que o programa começou, já foram comercializados mais de um milhão de quilos de carne. O produto vem do cruzamento do nelore com a raça espanhola rubia gallega.
? Aqui a gente busca mais a produção. O rendimento da carcaça gira em torno de 58% a 60%, e na desossa de 78% a 85%. Isso aponta para o produtor com certeza um custo benefício muito interessante porque ele vai produzir mais carne em menos tempo de produção ? diz o diretor da empresa fornecedora de sêmen, Eduardo Grandal.
Atualmente, 50 mil matrizes da raça nelore são inseminadas. Com o passar dos anos, o crescimento foi expressivo, pois a parceria começou com apenas seis criadores.
Hoje são 47 pecuaristas associados ao programa de qualidade da carne. É a primeira vez que a rede de varejo participa de uma feira como esta. O objetivo é estimular outros criadores para entrarem no programa.
? Isso é obrigatório para que o sistema de rastreablidade dê certo. A parceria entre todos os elos da cadeia produtiva ? afirma o diretor-executivo da Abiec, Otávio Cançado.