Entre 2010 a 2013, a Argentina exportou, em média, 130 mil toneladas anuais ao valor de US$ 1,070 bilhão/ano, conforme números do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). Nos anos 90, a Argentina detinha uma participação de 6,6% no mercado mundial de carne bovina. Hoje, esse porcentual passou a 1,7%, atrás dos vizinhos muito menores, como Paraguai e Uruguai.
Segundo o relatório, se a Argentina tivesse mantido o market share de décadas anteriores, as exportações anuais teriam oscilado entre US$ 2,4 bilhões a US$ 2,6 bilhões/ano. Foi observado que, na comparação com os dados simulados com os efetivos, a cadeia deixou de ganhar entre US$ 1,3 a US$ 1,5 bilhão por ano, um montante que, ao final de quatro anos, chegaria a US$ 5,2 bilhões até US$ 6 bilhões.
O Ieral destacou que a Argentina deixou de receber dólares e perdeu lugar no mercado mundial pelo uso de políticas comerciais adversas, com o argumento de preservar a oferta para abastecer o consumo interno, que é um dos mais altos do mundo.
Também citou como causa as defasagens do ciclo da pecuária de corte e os problemas de organização da própria cadeia. Em 2006, o então presidente Néstor Kirchner, falecido em outubro de 2010, impôs uma série de restrições ao setor, como cotas e alíquotas de 15% para exportação e controle de preços internos, que desestimularam os produtores e prejudicaram os frigoríficos. Ao cenário de desânimo somaram-se a forte estiagem de 2008 e a crise internacional em 2009, um coquetel que levou os pecuaristas ao abate exagerado de fêmeas – uma variável que regula o volume do rebanho nacional.
O estudo constatou que, a partir de 2009 ficou mais complicado e, por este motivo, nos últimos cinco anos os capitais estrangeiros com participação no setor de carne venderam sua parte em empresas locais, ou simplesmente abandonaram a atividade de suas unidades. A primeira companhia estrangeira a reduzir exposição na Argentina foi a JBS, que opera hoje apenas uma das seis unidades que havia comprado no país.