Irrigação de pastagem é tema do Conversa de Curral

Quadro do Jornal da Pecuária debate o assunto com o engenheiro agrônomo André FernandesA irrigação de pastagem vem ganhando espaço no Brasil nos últimos anos, principalmente para a pecuária leiteira. E pode ser utilizada nas mais diversas variedades de capim cultivadas no país. O quadro Conversa de Curral, do Jornal da Pecuária, debateu o assunto, focando na região Nordeste, com o engenheiro agrônomo e doutor em Irrigação e Drenagem, André Fernandes. Segundo o especialista, antes de investir no sistema é preciso estar preparado para manejar toda a pastagem a fim de não ter desapon

Jornal da Pecuária: Em se tratando de irrigação para o Nordeste, tem alguma diferença em relação às outras partes do país?

Fernandes: Sem dúvida. A irrigação no Nordeste tem uma série de vantagem em relação a nós que estamos aqui no centro sul. Porque grande parte das áreas de pastagem no Nordeste estão em regiões que tem temperaturas muito mais altas. A temperatura mínima praticamente em nenhum mês do ano fica abaixo de 15, 16 graus. E isso favorece demais o crescimento da pastagem.

Jornal da Pecuária: Qual o mínimo de recurso hídrico por hectare que se precisa pra ter uma ideia se há esse recurso em volta?

Fernandes: A conta que a gente faz, claro, depende da evaporação de cada região, mas vai aí de 1,5 a 2 mil litros por hectare por hora que se precisa ter disponível.

Jornal da Pecuária: É possível ter um parâmetro por hectare de quanto custa a irrigação, considerando todos os sistemas que existem?

Fernandes: Para pastagem a gente usa basicamente dois sistemas, que é o mecanizado, tipo pivô central, se tiver uma área grande que caiba um pivô central que é uma irrigação circular, e ele vai gastar aí em torno de R$ 5 mil a R$ 5,5 mil por hectare. Agora se for uma área pequena, que aí o pivô se torna inviável, aí ele vai colocar aspersão. Ou aspersão convencional ou aspersão em malha. O custo da malha é de R$ 3 a R$ 4 mil por hectare. Ele é mais barato que o pivô central e atende muito ao pequeno produtor.

Jornal da Pecuária: Alguma forrageira seria mais indicada para o Nordeste?

Fernandes: Pelo o que a gente tem trabalhado no Nordeste, pela temperatura, dando água, dando nutriente, praticamente todas as forrageiras vão muito bem. Tifton, braquiária, mombaça, tanzânia, tudo isso vai muito bem lá, sem nenhum problema. O que a gente tem que pensar é o seguinte: quando a gente adota, passa de um sistema de sequeiro para um sistema irrigado, tem que mudar a cabeça do pecuarista, é uma outra realidade. Então aí ele vai ter que investir em corretivo do solo, em adubação, nutrição folear, uma série de coisas que são bem diferentes do que ele faz na agricultura de sequeiro. Porque daí é um sistema de produção altamente eficiente. Água não vai resolver tudo. É o sistema inteiro que tem que mudar. Inclusive com rotação de pastagem. O manejo da pastagem é fundamental. Água só não vai resolver o problema.

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