As vendas poderão ser feitas assim que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) enviar ao governo japonês a lista de estabelecimentos exportadores que atendem requisitos sanitários do país. Segundo o ministro Antônio Andrade, esta lista está em elaboração pela Secretaria de Defesa Agropecuária, em consulta com as empresas.
– Essa é uma notícia alvissareira, não só para a suinocultura nacional, mas para os governos Federal e de Santa Catarina.
O Secretário de Relações Internacionais do Mapa, Célio Porto, informou que o Brasil será o primeiro país que se beneficiará do reconhecimento de zona livre de febre aftosa para exportar carne suína para o Japão.
– Até agora, o Japão só aceitava importações de carnes de animais susceptíveis à doença se o país fosse inteiramente livre.
Porto observou, ainda, que a abertura do mercado japonês ocorre em um ótimo momento para o setor, tendo quem vista que a Ucrânia, que era o segundo maior importador de carne suína brasileira, suspendeu as importações do produto desde o dia 30 de março de 2013 alegando a presença da bactéria listeria em lotes de carnes oriundas do Brasil.
De acordo com o secretário, as exportações de carne suína para o Japão podem beneficiar fortemente o segmento no Brasil.
– As negociações começaram em 2006 e a conclusão de todo o processo terá impacto muito positivo para a economia regional. Finalmente Santa Catarina irá auferir benefícios econômicos positivos por seus esforços para se tornar Estado livre da doença, sem vacinação.
Mercado
O Japão é o maior importador mundial de carne suína in natura, totalizando US$ 5,1 bilhões em 2012, equivalentes a 779 mil toneladas, o que representa cerca de 31% das compras mundiais, em valor. O segundo maior mercado é a Rússia, que importou US$ 2,5 bilhões no ano passado.
Em 2012 os principais fornecedores de carne suína in natura para o Japão foram Estados Unidos (US$ 2,1 bilhões), União Europeia (US$ 1,4 bilhão) e Canadá (US$ 1,1 bilhao).
No ano passado, o Brasil – que é o quarto maior exportador de carne suína in natura do mundo – vendeu o produto para 63 mercados, totalizando US$ 1,3 bilhão (quase 500 mil toneladas).
Santa Catarina está no topo da lista dos Estados exportadores, vendendo US$ 492 milhões, isto é, cerca de 181 mil toneladas em 2012.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Rui Vargas, disse que o potencial de vendas de carne suína brasileira ao Japão é de 100 toneladas por ano no mínimo.
– O Japão é o maior consumidor da proteína no mundo, com compras de cerca de mil toneladas/ano de mercados produtores como Estados Unidos, México, Canadá, Dinamarca e Chile. Seria ideal se conseguimos chegar aos 10% disso.
Tranquilidade
O vice-presidente de Assuntos Corporativos da empresa de alimentos BRF, Wilson de Mello Neto, disse que a possibilidade de exportar ao Japão dará “tranquilidade” ao mercado de carne suína brasileira.
– Além de o país ser o maior mercado consumidor do mundo, é um mercado estável, diferente de Rússia e Ucrânia. Dará mais tranquilidade às vendas do setor e equilibra o jogo. É mais um competidor de peso – declarou.
O executivo não quis citar o potencial de vendas, em toneladas, que o Brasil pode atingir, mas Mello Neto estima que, somente a comercialização da BRF ao país pode chegar a uma receita cambial de US$ 300 milhões em três anos.