— Mas não trabalhamos com boi próprio, somente em parceria — disse.
Para ela, esse aumento de confinados da empresa reflete a necessidade de intensificação da produção e o melhor entendimento do pecuarista sobre a atividade, que passa a considerá-la como estratégica e não especulativa.
Estudo aponta confinamento 19,3% maior em 2012
Mariana Peres afirma que o volume de bois confinados no país deverá ser 19,3% maior em 2012. Pesquisa elaborada pelo Banco Original aponta que em 2011, o aumento ante o ano anterior havia sido de 15%. A zootecnista diz que o confinamento passou a ser uma decisão estratégica da empresa para contornar eventuais problemas climáticos que possam afetar a produção.
– Nesse ano, teremos muitos animais em confinamento por conta de problemas com o clima, que afetam os pastos – apontou.
Conforme o estudo, 56% dos entrevistados disseram utilizar o confinamento como estratégia e 44% como especulação (para contar com produto em momentos de menor oferta, em períodos de entressafra, com base nas condições de mercado e retorno). Marcelo Petersen Cypriano, economista do Banco Original, diz que o custo de produção estará mais favorável ao confinador neste ano.
– O preço do milho, que representa até 80% do custo da alimentação em confinamento, será mais baixo que em 2011, por conta da expectativa de uma safra boa do insumo nos Estados Unidos e uma ótima produção na safrinha no Brasil. Já o preço do boi gordo em outubro, pico do confinamento, também estará atraente para o confinador. Esse será um ano de rentabilidade para a atividade – afirmou, sem citar porcentuais.
Para ele, os preços da arroba no mercado físico refletirão o comportamento atual dos preços do boi gordo e do milho no mercado futuro. O banco realizou a pesquisa entre 21 de março e 5 de abril com 227 confinadores de 10 Estados do País (109 clientes da instituição financeira e 118 não clientes), com margem de erro de menos de 2%.
– Se confirmado o crescimento, será um dos maiores porcentuais da atividade. Entre 2003 e 2011, a taxa média de crescimento do número de animais confinados foi de 5,7%, sendo que a maior expansão havia sido registrada em 2004, de 19%, de acordo com o Anuário da Pecuária Brasileira (Anualpec) 2011, elaborado pela Informa Economics FNP, que usamos como base para ponderação de nossos dados – explicou Mariana.
O aumento de 19,3% representa 1,120 milhão de cabeças a mais, ante as 939 mil cabeças de 2011, com base na amostra coletada pelo banco.
– No âmbito Brasil, se ponderarmos nossos dados com os do Anualpec 2011, essa oferta passará de 3,176 milhões de cabeças no ano passado para 3,788 milhões de cabeças em 2012 – completou a zootecnista.
Análise regional
Na análise por Estado, as regiões confinadoras de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso apareceram com taxas de crescimento de 6%, 10%, 19% e 31% respectivamente.
– Os dois maiores Estados confinadores, SP e GO, apresentaram porcentuais menores do que a média nacional. São Paulo, por exemplo, é um Estado que ainda utiliza o confinamento especulativo (74%) – disse Mariana.
Para ela, Mato Grosso, que hoje ocupa a terceira posição de maior Estado confinador de acordo com a Anualpec 2011, pode passar para o primeiro lugar, que atualmente é de São Paulo. Na pesquisa do Banco Original, a taxa de crescimento de animais confinados é de 31%.
– Mato Grosso já é o Estado que possui o maior rebanho comercial do país. A intensificação da produção na cria e recria de animais pode levar a região a ser a maior confinadora em pouco tempo – projeta a zootecnista.
Praças menos tradicionais na atividade, como Rondônia, Pará, Tocantins e Bahia, apresentaram porcentuais acima da média nacional, com 20%, 40%, 75% e 100%, respectivamente.
– Há uma influência da expansão agrícola, com o cultivo de grãos na região – ressaltou Cypriano.
Banco Original pretende elevar crédito em 50% em 2012
O Banco Original quer chegar a uma carteira de crédito de R$ 760 milhões concedida ao agronegócio ao final de 2012. O valor é praticamente 50% superior aos R$ 518 milhões que compunham a carteira de crédito do setor em 2011.
– Hoje (mês de abril) esse montante está em R$ 550 milhões, sendo R$ 470 milhões disponíveis para operações pecuárias e R$ 90 milhões a outros setores do agronegócio, como milho, soja, café, cana, algodão e eucalipto – explicou o diretor da instituição, José Antonio Marinho Neto.
Segundo ele, o banco quer aumentar o crédito para os segmentos além da pecuária, chegando a R$ 150 milhões ao final de 2012.
– Nos próximos dois a três anos, a carteira de crédito ao agronegócio do banco deverá ficar equilibrada: 50% para pecuária e 50% para esses outros setores. Vamos fortalecer nossa relação com as grandes tradings, por exemplo, para chegar no bom fornecedor – completou o executivo.
O objetivo do banco, de acordo com Neto, é ser a maior instituição financeira privada do agronegócio.
– Não queremos competir com o Banco do Brasil. Nosso diferencial não é taxa de juros. Queremos nos relacionar melhor com o pecuarista, com o agricultor, com operações que reduzem o custo total da atividade dos nossos clientes – explicou.
Entre os principais produtos oferecidos pelo Banco em empréstimos e financiamentos estão a Cédula de Produto Rural Financeira (CPR), capital de giro e Nota de Crédito à Exportação (NCE).