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Diversos

JBS cria fundo para desenvolvimento sustentável da Amazônia que pode chegar a R$ 1 bi

A companhia anunciou uma série de medidas para colaborar com o desenvolvimento sustentável da pecuária e das comunidades no bioma

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Conheça o programa Juntos pela Amazônia. Foto: Pixabay

A JBS anunciou nesta quarta-feira, 23, a criação do programa Juntos pela Amazônia, que compreende uma série de ações para promover a sustentabilidade na cadeia produtiva de carne bovina no bioma e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.

“Alimentar o mundo, com sustentabilidade” foi a frase usada pelo CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni, para resumir a missão da empresa nos próximos anos. “A redução das emissões de gases do efeito estufa não pode esperar, assim como precisamos gerar empregos e alimentar milhões de pessoas mundo afora”, disse.

Para ser mais assertiva, a empresa dividiu sua estratégia para os próximos anos em quatro pilares, sendo que três deles serão atendidos com a criação do Fundo JBS pela Amazônia. A ideia é angariar R$ 1 bilhão até 2030 e financiar ações e projetos tratem de conservação e recuperação de florestas, apoio às comunidades locais e desenvolvimento científico e tecnológico.

“Faremos um aporte inicial de R$ 250 milhões em cinco anos, e fazemos um convite a todos os stakeholders [acionistas], para que contribuam com o fundo. Também estamos nos comprometendo a igualar as doações de terceiros até que a contribuição da JBS chegue a R$ 500 milhões. Acredito que isso terá um impacto muito positivo na região”, afirma Tomazoni.

Ex-CEO da Seara, Joanita Karoleski presidirá o fundo. Segundo ela, conter o desmatamento ilegal é o desafio central para preservar a Amazônia, mas também é preciso um olhar voltado à qualidade de vida e à geração de renda para as comunidades locais.

Ela afirma que foi montada uma estrutura de governança independente para que os investimentos sejam feitos de forma transparente. Serão três conselhos (administrativo, consultivo e fiscal) e um comitê técnico, formados por grandes nomes do agronegócio – como o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcelo Britto, e a presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Tereza “Teka” Vendramini – e de outras empresas que também têm foco em sustentabilidade.

“Caberá ao comitê técnico a seleção e definição dos projetos que serão apoiados. Esses projetos deverão maximizar a utilização a utilização de recursos financeiros e técnicos para reflorestamento e conservação da Amazônia; desenvolvimento sustentável com foco na indústria de alimentos, com objetivo de evitar de evitar desmatamento, criando uma cadeia sustentável; e uso sustentável da terra para apoiar pessoas comunidades, gerando empregos e renda”, frisa Joanita.

Monitoramento de fornecedores indiretos

Outro pilar do novo programa de sustentabilidade da JBS é o desenvolvimento sustentável da cadeia de carne bovina. A companhia monitora por imagens de satélites uma área superior ao território da Alemanha, para garantir que a matéria-prima venha de propriedades sustentáveis.

“Nossa política de compras responsáveis estabeleceu critérios socioambientais para seleção de fornecedores há mais de 10 anos. 100% dos nossos fornecedores do bioma estão em conformidade com esses critérios, ou seja, desmatamento zero”, diz Wesley Batista Filho, presidente da JBS e da Seara.

Agora, a companhia quer expandir o monitoramento para todos os elos da cadeia, incluindo os fornecedores indiretos, com a criação da Plataforma Verde JBS. Para isso, fornecedores diretos deverão fornecer Guias de Trânsito Animal (GTAs) dos animais que adquirirem de outras propriedades.

“O sistema fará a consulta das GTAs nas base de dados dos estados para identificar as propriedades. Essa informação retorna à plataforma que analisará se elas [as propriedades que fornecem para os fornecedores diretos] também estão de acordo com os critérios de compra responsável”, detalha Márcio Nappo, diretor de sustentabilidade da empresa. “É extremamente inovador, e estabelece uma nova relação com os nossos fornecedores e com a cadeia de fornecimento”, complementa.

A plataforma, que usará tecnologia blockchain para preservar as informações cedidas pelos pecuaristas, deve ser desenvolvida até dezembro, período que também será usado para desenvolver a estratégia de comunicação e divulgação da iniciativa.

Na segunda fase, ainda sem prazo definido, serão analisados todos os fornecedores dos fornecedores da JBS em Mato Grosso, além de divulgar a plataforma para toda a pecuária. Na sequência, o projeto será estendido para todos os estados localizados no bioma amazônico. Por fim, até o fim de 2025, todos os fornecedores diretos terão que aderir à plataforma. “Isso será uma condição obrigatória para vender gado para a JBS”, reforça Nappo.

“Estamos muito confiantes na participação de todo o setor. Acreditamos que com o engajamento de todos conseguiremos provocar mudanças significativas em busca de uma produção cada vez mais sustentável”, afirma Renato Costa, presidente da Friboi.

O pilar também contará com uma segunda: a companhia vai compartilhar todo o trabalho de inteligência desenvolvido nos últimos 10 anos com outras empresas que também queiram usar os critérios da política de compra responsável. “Entendemos que conter o desmatamento requer o esforço de todos. Vamos compartilhar nosso aprendizado com todos, produtores, instituições financeiras ou bancos e outras empresas que operam na Amazônia”, afirma o diretor de sustentabilidade.

Mas a ideia não é simplesmente excluir pecuaristas da cadeia. Segundo o presidente da Friboi, o grupo terá uma “abordagem inclusiva”. “Daremos assessoria agropecuária, ambiental e jurídica aos produtores que precisarem regularizar o passivo ambiental. É algo complexo e trabalho, mas criaremos um programa completo de apoio e ações educativas para prevenir o desmatamento”, diz.

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