A raça surgiu do cruzamento de uma raça francesa com um zebuíno muito conhecido no Brasil. Homologada em 2005 pelo Ministério da Agricultura, a blonel chegou com rusticidade, adaptabilidade e formação de carcaça diferenciada.
Pelagem branca, curta e cascos escuros indicam a presença da mais importante raça zebuína do Brasil, a nelore. Na carcaça de forma quase arredondada e traseira musculosa estão as características de um taurino, que se desenvolveu em uma região montanhosa da França, a blonde daquitaine. A fusão genética dessas raças é considerada pelos pioneiros da blonel como a mais bem sucedida na região tropical. Um animal capaz de se adaptar ao clima quente, resistente aos parasitas e com boa produção leiteira que resulta em um bezerro mais pesado na desmama.
– Tivemos uma prova comparativa. O blonel cobrindo o nelore, os bezerros que foram desmamados, 22% estavam acima do peso médio dos animais nelore-nelore. Pra nós foi uma grande surpresa, porque em condições extremas poderíamos imaginar que os animais mais adaptados seriam já os zebuínos que estão aqui há mais tempo – conta o presidente da Associação Brasileira de Blonel, Eduardo da Rocha Leão.
Os criadores do blonel apontam como vantagem da raça a terminação. Nas provas realizadas até o momento o rendimento de carcaça atingiu 55% com 20 meses ou no máximo dois anos. A raça está pronta, com desafios importantes superados ao longo de 21 anos de trabalho de seleção e melhoramento.
A blonde daquitaine que deu origem a raça blonel começou a ser usada no Centro-Oeste do país na década de 90. O blonde puro a campo teve dificuldade de adaptação, então os pecuaristas decidiram partir para formação de uma raça, mas com touros provados.
– Utilizamos um rebanho base nelore, 300 vacas nelore PO foram inseminadas com touros blonde, com provas na França. Fêmeas F1 nós cobrimos com touro nelore e também alguns touros que não eram tão conhecidos, com características de precocidade, fertilidade que procuramos utilizar na nova raça. Então utilizamos novamente um touro blonde da França procurando as características que julgávamos importantes, seria fertilidade, produção de leite e rendimento de carcaça – conta o superintendente técnico da raça blonel, Luiz Antônio Abadia.
Essas características apontadas pelos formadores da raça foram observadas por pecuaristas que viram a raça pela primeira vez.
– A primeira impressão que tivemos, é que desde novinhos os bezerros começam a definir a carcaça, já tem volume de posterior. São diferenciados. Isso tem uma vantagem frigorífica, vai abater o animal mais novo, mais pesado e em menos tempo – relata o pecuarista Rodolfo Gomes de Mendonça.
Na fazenda do pecuarista Olavo da Rocha Leão, de Burti Alegre, no sul de Goiás, durante seis meses a temperatura fica acima dos 35ºC e a seca reduz a oferta de pastagens. O plantel de blonel do único criador de Goiás, está como prova do que é capaz.
– É um gado que não sofre com a seca. Ele sai inteiro de épocas de pouca pastagem e não perde nem um pouco de peso. Mas a rusticidade do gado que me chamou muito a atenção. Ele não precisa ser tratado no cocho, simplesmente a campo – explica.
A raça foi homologada há apenas seis anos. E por ser recente muitas ações estão sendo feitas pelo crescimento desse sintético brasileiro na pecuária nacional. Já existe aceitação tanto pelo mercado de carne quanto por quem investe em cruzamento industrial.
– É um carne light e vai de encontro com o que busca o mercado atual. Nós estamos muito satisfeitos com o resultados obtidos em termos de precocidade e produtividade. Vem superando as nossas expectativas – garante a zootecnista Solange Guedes.
– Estamos com a nossa produção em São Paulo, onde a Fundação do Blonel fica na cidade de Pedreira. Lá a minha produção está sendo já comercializada há muitos anos e encomendas estão sendo feitas para entregas futuras. Vimos que está tendo um demanda incrível pelo cruzamento industrial, desde que o touro a campo suporte essas condições – complementa Eduardo da Rocha Leão.