Justiça decidirá sobre resultado de assembleia do Frialto

Votação do plano de recuperação judicial do grupo terminou em impasseA votação do plano de recuperação judicial do Grupo Frialto, durante a quarta assembleia geral de credores, realizada nesta quinta, dia 16, em Sinop (505 km ao norte de Cuiabá), terminou em impasse. Os bancos, que detêm a maior parte das dívidas do Frialto, votaram contra a proposta da empresa. No entanto, trabalhistas e quirografários votaram a favor, resultando numa aprovação de 50,24%. Os bancos devem contestar o resultado e caberá ao juiz da comarca de Sinop decidir.

O diretor superintende da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, disse à Agência Estado acreditar que a justiça avalizará o resultado do dia. O entendimento é de que se houver mais de 50% de votos a favor o plano deveria ser aprovado. Outro argumento é que duas categorias de credores aprovaram a proposta.

Na assembleia desta quinta, 99% dos quirografários (categoria dos credores sem garantia real, na qual se incluem os pecuaristas) votaram a favor do plano. Entre os trabalhistas a aprovação foi de 100%. No caso dos bancos, 60% dos representantes votaram contra a proposta do Frialto. A dívida total das empresas do Grupo Frialto é de R$ 564 milhões, sendo R$ 453 milhões com instituições financeiras, R$ 97 milhões com os pecuaristas, R$ 6 milhões com passivo trabalhista e R$ 8 milhões relativos a despesas com frete.

Vacari afirmou que os pecuaristas conseguiram melhorar a proposta anterior do Frialto, que previa pagamento à vista das dívidas até 15 mil, parcelamento em dez vezes das dívidas de R$ 15 mil a R$ 30 mil, e vinte parcelas trimestrais para valores acima de R$ 30 mil. Na proposta votada nesta quinta, houve mudança para o pagamento das dívidas acima de R$ 30 mil, para 48 parcelas mensais sucessivas. Neste caso, o valor das dívidas seria convertido em arrobas pela cotação do boi gordo no dia de entrega do animal para abate.

Pela proposta, o total em peso seria dividido por 60 (referência da cotação do boi gordo), que resultaria num volume para ser convertido no valor mensal das parcelas dos 47 primeiros pagamentos. O restante seria pago na 48ª parcela. Vacari exemplifica citando um criador que entregou animais para abate que equivalem a 12 mil arrobas. Pelos cálculos, as parcelas mensais nos 47 primeiros pagamentos seriam de 200 arrobas. A última parcela seria de 2,4 mil arrobas.

Na opinião de Vacari, a proposta votada agora, que ainda depende do parecer do juiz, “nem de longe era a pretendida pelos pecuaristas, mas foi a possível”. Ele afirmou que o setor espera que a direção do Frialto melhore sua administração e também o relacionamento com os pecuaristas.