As facilidades da vida na cidade e a cobrança por melhores condições de trabalho no campo têm afastado interessados. Segundo o head researcher do grupo Minerva, Fabiano Tito Rosa, o desemprego do país em baixa, na casa dos 6%, mostra a dificuldade para o encontro de mão de obra.
— Hoje temos quase um quadro de pleno emprego no Brasil e isso afeta todo mundo. No caso da indústria, você não tem jeito de contratar — afirma Rosa.
Segundo os especialistas, a cobrança por melhores condições de trabalho e a maior fiscalização por parte de entidades e governo exigiram mais dos empregadores do campo.
— Antigamente o cara morava na fazenda com a sua família. O produtor acordava cedo e o filho ia junto e acompanhava as atividades. Hoje isso é considerado exploração infantil. Eu acho que superada a etapa do Código Florestal, a próxima discussão séria que deve acontecer no Brasil é a legislação trabalhista — diz o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
As mudanças impactaram no custo de produção das propriedades rurais. Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Sérgio De Zen, o custo do trabalhador subiu de 12% em 2003 para 24% do total das riquezas geradas pelas fazendas analisadas pelo órgão.
Além da mão de obra e legislação, os analistas que participaram do encontro também apontaram a gestão, questões tributárias e ambientais, planejamento, logística e a falta de promoção da carne como principais entraves do setor.
— Um desafio para a pecuária é trazer a renda para a atividade. Com renda, eu consigo trazer tecnologia. A desfragmentação da cadeira da carne no Brasil também é um desastre — avalia o representante da Acrimat.