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Legislação trabalhista e falta de mão de obra desafiam pecuaristas

Segundo especialistas, produtores e indústria encontram dificuldades para contratarAs questões de mercado têm papel importante no planejamento das ações dentro da porteira. Uma forma direta de demonstrar que as mudanças econômicas dos últimos anos impactaram na produção é a falta de mão de obra qualificada, seja para o trabalho no campo ou nas indústrias frigoríficas. O tema foi abordado durante o encontro "A Pecuária de Corte no Divã dos Analistas", da Scot Consultoria, realizado em São Paulo nesta sexta, dia 9.

As facilidades da vida na cidade e a cobrança por melhores condições de trabalho no campo têm afastado interessados. Segundo o head researcher do grupo Minerva, Fabiano Tito Rosa, o desemprego do país em baixa, na casa dos 6%, mostra a dificuldade para o encontro de mão de obra.

— Hoje temos quase um quadro de pleno emprego no Brasil e isso afeta todo mundo. No caso da indústria, você não tem jeito de contratar — afirma Rosa.

Segundo os especialistas, a cobrança por melhores condições de trabalho e a maior fiscalização por parte de entidades e governo exigiram mais dos empregadores do campo.

— Antigamente o cara morava na fazenda com a sua família. O produtor acordava cedo e o filho ia junto e acompanhava as atividades. Hoje isso é considerado exploração infantil. Eu acho que superada a etapa do Código Florestal, a próxima discussão séria que deve acontecer no Brasil é a legislação trabalhista — diz o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.

As mudanças impactaram no custo de produção das propriedades rurais. Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Sérgio De Zen, o custo do trabalhador subiu de 12% em 2003 para 24% do total das riquezas geradas pelas fazendas analisadas pelo órgão.

Além da mão de obra e legislação, os analistas que participaram do encontro também apontaram a gestão, questões tributárias e ambientais, planejamento, logística e a falta de promoção da carne como principais entraves do setor.

— Um desafio para a pecuária é trazer a renda para a atividade. Com renda, eu consigo trazer tecnologia. A desfragmentação da cadeira da carne no Brasil também é um desastre — avalia o representante da Acrimat.

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