Em um experimento conduzido pela zootecnista Tatiana Gama, técnicos da Agraer plantaram leguminosas consorciadas com capim massai, gerando um cardápio rico em proteínas para o gado. Foram testados o desenvolvimento de cinco tipos de leguminosas na região do Cerrado: leucena, albizia, cratylia, gliricídia e baru, plantas com teor de proteína em torno de 20%. A pesquisa também avalia a aceitação do gado para cada uma delas.
O comportamento dos animais deixa claro quais são as leguminosas preferidas. Primeiro, as vacas consumiram a leucena e, depois, a albizia. Além do alto teor protéico, essas plantas são mais exigentes quanto à fertilidade do solo e exigem um manejo mais criterioso. Por isso, o pecuarista precisa encontrar uma leguminosa que melhor se adapte às necessidades da propriedade e às características da região.
– Há uma variedade enorme de capins e leguminosas existentes, cada uma é adaptada para cada situação. A leucena tem uma resposta boa, mas a gente sabe que tem que adubar para que ela se mostre produtiva – destaca a pesquisadora Tatiana Gama.
Para reduzir o tempo de retorno do investimento, a implantação foi feita em sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O solo precisou ser corrigido para o plantio das sementes de leguminosas. De acordo com pesquisadora, a vantagem é que depois da consolidação das árvores, a adubação de reposição tem sido menor.
– Onde não tem consórcio com a leguminosa, a gente aduba anualmente em torno de 150 quilos de nitrogênio. Onde tem consórcio, não tem recomendação de nitrogênio. Com essas leguminosas, o capim passa a produzir igualmente – acrescenta.
O pesquisador Edimilson Volpe, também da Agraer, já elegeu uma entre todas as leguminosas testadas na instituição. Para ele, a cratylia é a melhor por inúmeros fatores, mas, principalmente, por ser a mais adaptada ao solo do cerrado.
– Ela também tem outras vantagens. É uma planta de estrutura arbustiva, tem fácil manejo, qualidade nutritiva e é uma planta bastante rústica. Nós estamos procurando esse tipo de planta.
Segundo o pesquisador, a cratylia não tem componentes tóxicos, mas mesmo assim, a recomendação do uso para alimentar o gado é de, no máximo, 50% da dieta. Para evitar o consumo em excesso, a indicação de plantio é de uma linha de leguminosa para cada três metros de pasto. Por serem espécies arbustivas, tanto a cratylia quanto as outras leguminosas levam cerca de um ano para atingirem a altura ideal antes de entrar com os animais no local.
– Normalmente, a gente indica o plantio em uma safra de verão, no período das chuvas, e o pasto só no verão do ano seguinte, porque aí ela já está com um metro e meio, dois metros de altura, e você forma o capim rapidamente – explica o pesquisador.